As tecnologias na medicina: um bem necessário
A tecnologia tem gerado um olhar mais introspetivo do “eu”, criando um fechar das pessoas nas suas casas, alcançando cada vez mais informação e conhecimento do conforto do seu sofá. De uma forma generalizada, verifica-se uma desumanização global, em que tudo é feito através de ecrãs de computadores, tablets ou smartphones.
Mas o ser humano é um ser social, e ele necessita desta humanização, de um sentido de comunidade. E por isso as tecnologias desenvolvem-se cada vez mais no sentido de criar um equilíbrio entre o real e o digital. As novas tecnologias dos “wearables” que permitem uma maior monitorização dos parâmetros e indicadores de saúde são um excelente exemplo dessa tendência. E são uma distinta forma de monitorização e acompanhamento médico, desde que do outro lado do monitor se encontre um profissional de saúde, capaz de analisar os dados que lhe são entregues por via digital, mas olhando para estes da forma como apenas um humano consegue analisar, tendo em consideração o contexto e as condições circundantes.
Gerar dados de saúde é fácil, analisar os mesmos é um pouco mais complicado. Poder dispor duma tecnologia que analisa os dados e lhes dá algum significado, é algo complexo mas exequível, dando um output através de um algoritmo previamente trabalhado e adaptado à patologia em questão. Este é um dos exemplos do futuro das novas tecnologias. Robots dotados de inteligência artificial que são capazes de auxiliar os profissionais de saúde no diagnóstico e seleção de tratamento para um doente com um conjunto de parâmetros introduzidos. Mas este trata-se apenas disso mesmo, um robot que auxilia o profissional de saúde, de modo semelhante aos meios complementares de diagnóstico que são isso mesmo, meios complementares e não meios de diagnóstico. O lugar do médico não poderá ser substituído por tecnologia, pois à inteligência artificial falta-lhe a intuição, e a capacidade de gerir informação sensível que poderá ser relevante para o diagnóstico e o tratamento do doente. É necessário assegurar que não existe confusão neste facto.
Podemos, e devemos, no entanto, aproveitar as tecnologias que temos à nossa disposição para humanizar as nossas relações médico/doente. Um exemplo é o uso da tele-saúde. Um serviço que permite ao profissional de saúde estar mais próximo do doente, sem se verificar a necessidade de o doente sair do conforto do seu lar. Com o envelhecimento global das populações, assiste-se a um somatório progressivo de doenças crónicas passíveis de serem acompanhadas à distância, depois duma avaliação inicial completa presencial. Deste modo, a tele-saúde poderá não fazer sentido em todas as consultas, mas é uma forma de assegurar uma monitorização e acompanhamento mais próximo do doente, sem este necessitar de se deslocar ao centro de saúde ou hospital em todas as visitas.
Estes são apenas alguns exemplos de como a evolução do mundo digital está a impactar a Medicina e a área da Saúde em geral.
É pois imperioso, cada vez mais, que a medicina se adapte ao mundo digital, não podendo agarrar-se ao convencional, mantendo a importância do momento de diálogo entre o médico e o doente, chave-mestra para assegurar que é efetuado o diagnóstico correto e definido o melhor tratamento possível para cada doente individual.