Técnica minimamente invasiva surge como alternativa à otoplastia
De acordo com um estudo levado a cabo por uma companhia farmacêutica, líder em Open Science, a imagem do rosto, incluindo as orelhas, influi na autoestima pessoal. Tanto que, 77 por cento dos participantes desta pesquisa afirma que se sentiria melhor se não tivesse “orelhas de abano” e, mais de metade dos inquiridos admite ter sido alvo de troça, pelo menos uma vez na vida, devido ao tamanho das suas orelhas.
O isolamento social ou o desenvolvimento de quadros depressivos são algumas das consequências apontadas pelos participantes.
Miguel Andrade, especialista em cirurgia plástica, estética e reparadora afirma que, para muitas pessoas, este trata-se de um complexo que afeta a autoestima, levando-as a procurar uma solução estética.
“Ao ser uma deformidade muito vísivel é frequente, sobretudo entre as crianças, que sejam emitidos juízos de valores e comentários desagradáveis que podem influenciar negativamente, do ponto de vista psicológico, o portador dessa deformidade”, explica. “No entanto, nem todos se atrevem a fazer uma otoplastia, por causa dos riscos, das complicações que pode acarretar e do tempo de recuperação”, refere o especialista.
Até há bem pouco tempo a opção de tratamento era a realização de uma otoplastia, uma intervenção cirúrgica realizada sob anestesia geral, à qual estavam associados alguns riscos e complicações e “um pós-operatório que implicava a utilização de um penso tipo capacete que impedia a vida profissional e social”.
Como alternativa à cirurgia clássica foi desenvolvido um dispositivo médico – implante - que permite corrigir as “orelhas de abano” de forma rápida e simples, embora permanente, sem os riscos associados a uma intervenção cirúrgica.
“Atualmente, temos ao nosso dispor o Earfold que é um método minimamente invasivo, realizado sob anestesia local, sem internamento”, revela Miguel Andrade.
“Sendo uma intervenção mínima com tratamento ambulatório, que apenas requer 2-3 pontos, e com 20 minutos de duração, muitos pacientes com orelhas descoladas, que sofrem de complexos desde há anos devido ao seu aspeto físico, interessar-se-ão por este implante”, explica o cirurgião.
Na realidade, o EarFold funciona através da inserção de um pequeno implante em nilitol – uma liga metálica usada em vários dispositivos médicos –, revestido a ouro de 24 quilates para reduzir a sua visibilidade por baixo da pele, na orelha.
Este implante apresenta uma forma pré-definida, no entanto, quando iserido ele aperta a cartilagem moldando a orelha à sua nova forma.
A grande preocupação dos pacientes é, de acordo com este especialista, o resultado final. Algo que, na otoplastia clássica não se podia prever. “No entanto, este dispositivo inclui uns simuladores prévios que se colocam no exterior das orelhas e permite ‘escolher’ o grau de correção, bem como predizer a imagem estética final”, acrescenta deixando entender que este é um tratamento personalizado.
Para a colocação do implante é feita uma pequena incisão na pele, separando da cartilagem.
A incisão é depois fechada com suturas absorvíveis e são colocados pequenos adesivos permitindo o paciente de retomar a sua vida normal.
Apresentando uma taxa de sucesso de 100 por cento, “desde que os casos selecionados tenham a indicação correta”, esta nova técnica surge como uma excelente opção para quem quer corrigir orelhas proeminentes.
No entanto, nem todos os casos de orelhas descoladas estão indicados para esta intervenção. “Este implante está indicado apenas nas deformidades com atendimento do anti-hélice”, explica Miguel Andrade, podendo implantar-se em adultos e crianças a partir dos sete anos de idade.
Diogo Santos, de 15 anos, recorreu a este método no passado mês de Outubro. “O Diogo já tinha feito uma otoplastia, em Março deste ano, que não resultou”, começa por explicar a mãe, Dina Santos. “Na consulta de rotina o médico do Diogo falou-me no Dr. Miguel Andrade e pediu para o ver”, acrescenta referindo que, na altura, o especialista lhe explicou que há casos que não resultam com a cirurgia clássica, sendo necessário recorrer a uma segunda intervenção.
“Entre fazer outra intervenção – outra otoplastia - e experimentar o novo método, tomámos a decisão de experimentar esta nova técnica e ficámos muito satisfeitos”, admite.
Apesar de não ter passado por situações desagradáveis na sua infância, como muitos referem, graças ao tamanho das duas orelhas, Diogo não gostava do seu formato. “Ele não gostava de se ver e nós, pais, acabámos por incentivar à realização da intervenção”, revela a mãe.
Na opinião de Dina Santos, este novo método só tem vantagens. “Não é necessária preparação, é como ir ao dentista. Foi super fácil e super rápido. Não demorou sequer uma hora”, recorda.
Também a recuperação foi fácil. “Ao fim de quatro/cinco dias o inchaço desapareceu”, afirma. “No entanto, a primeira noite foi complicada porque o Diogo não podia dormir deitado sobre as orelhas. Mas tirando isso, foi melhor do que estávamos à espera”, admite.
“Estamos muito satisfeitos com o resultado e por isso achamos que esta é uma excelente alternativa à cirúrgia”, conclui.