Em 2015

Taxas moderadoras terão impedido realização de 15% das urgências

Cerca de 9% de consultas no Serviço Nacional de Saúde e 15% de urgências terão ficado por realizar porque os utentes não tinham dinheiro para as pagar, segundo um estudo apresentado em Lisboa.

O estudo da escola de gestão de informação da Universidade Nova de Lisboa concluiu que 8,9% de consultas nos centros de saúde e nos hospitais em 2015 não foram realizadas por causa da barreira do preço das taxas moderadoras.

A análise revela ainda que cerca de 15% de episódios de urgências acabaram por não ocorrer também devido ao fator preço das taxas moderadoras, tendo ficado por fazer mais de 5% de exames de diagnóstico.

Caso não fosse o entrave das taxas moderadoras, teria havido em 2015 um acréscimo de 2,8 milhões de consultas nos centros de saúde, de 1,2 milhões de consultas de especialidade hospitalar e 1,1 milhões de episódios de urgência.

Aliás, de acordo com inquéritos representativos da população feitos a mais de 500 pessoas, o estudo mostra que só 35% da população portuguesa considera o valor das taxas moderadoras adequado, com a grande maioria a percecioná-lo como elevado.

Já em relação aos medicamentos, metade da população considera o seu preço adequado, mas ainda assim mais de 14% dos inquiridos optou por não comprar algum fármaco prescrito devido ao seu custo.

O coordenador do projeto Sustentabilidade na Saúde 3.0, Pedro Simões Coelho, considera também relevante que quase metade dos cidadãos considerem o seu estado de saúde “menos do que bom”.

Há 43% de inquiridos que consideram que o seu estado de saúde afeta negativamente a sua qualidade de vida, 45% diz que afeta as suas tarefas diárias e 46% diz mesmo que o estado de saúde lhe provoca dor/mau estar ou criar ansiedade/depressão.

Dos inquéritos realizados nos primeiros dois meses deste ano sempre em relação a 2015, mais de metade das pessoas faltou ao trabalho ou às aulas por motivos de saúde .

Os dias faltados por doença correspondem a perdas de dois mil milhões de euros relativos a salários.

Em média, os inquiridos faltaram 5,4 dias num ano ao trabalho por motivo de doença, mas os cuidados prestados no Serviço Nacional de saúde terão permitido reduzir 2,2 dias o número de tempo de absentismo por cada português.

O estudo da Universidade Nova de Lisboa cria ainda um índice de sustentabilidade do SNS, com base na qualidade, na atividade e na despesa.

Segundo Pedro Simões Coelho, entre 2014 e 2015 o índice mostra uma estabilização, com um ligeiro aumento da atividade acompanhado por um ainda mais ténue aumento da despesa e por uma estabilização da qualidade.

Fonte: 
LUSA
Nota: 
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