Taxa de adesão a rastreios dos cancros da mama e do colo do útero está a diminuir
Nuno Miranda falava durante a apresentação do relatório “Portugal – doenças oncológicas em números – 2014”, do Programa Nacional para as Doenças Oncológicas, que analisa os números mais recentes da incidência e mortalidade associados às doenças oncológicas e a resposta do Serviço Nacional de Saúde (SNS).
O oncologista sublinhou que cada vez mais mulheres são convidadas a fazer o rastreio ao cancro da mama – 389.602 em 2012 e 408.868 em 2013 -, número bastante superior ao das mulheres rastreadas (248.950).
“A percentagem de mulheres que aceita fazer rastreio ao cancro da mama está a diminuir”, disse Nuno Miranda, sugerindo que a polémica em torno da utilidade e riscos deste rastreio tem contribuído para estes valores.
Nuno Miranda disse ainda que as dificuldades financeiras também poderão contribuir para esta diminuição: “Menos dinheiro, menos disponibilidade para este tipo de preocupação”, afirmou.
A situação ao nível do colo do útero também preocupa o oncologista, ao ponto de as autoridades terem decidido realizar um inquérito para averiguar se estas mulheres não fazem de todo o rastreio ou se optam por fazê-lo em unidades de saúde privadas.
No rastreio ao cancro do colo do útero, a taxa de adesão desceu de 67,55%, em 2012, para 62,81, em 2013.
Nuno Miranda defendeu a promoção deste rastreio, até porque, para já, ainda é cedo para se fazerem sentir os efeitos da vacina contra o vírus do papiloma humano, um dos responsáveis por este carcinoma.
O documento apresentado aponta para “uma pequena diminuição na taxa de mortalidade padronizada por tumores malignos, tanto na população global como no grupo etário inferior a 65 anos”. “Este resultado é muito positivo, pois reflecte ganhos líquidos em saúde”.