Inverno saudável

Sumo de laranja para a gripe? Talvez não

Portugueses têm ideias erradas sobre os alimentos que devem consumir no Inverno. Medicina Tradicional Chinesa esclarece como pode manter-se saudável nos dias mais frios.

Chegada a estação mais fria, o corpo requer outros hábitos que ajudem a reforçar o organismo e sistema imunitário e o previnam da chegada das gripes e constipações, sendo por isso a altura ideal para introduzir ou retirar alguns alimentos nas nossas rotinas. Sempre com o foco na prevenção, o Dr. Hélder Flor, especialista em medicina tradicional chinesa, indica algumas plantas e alimentos que podem contribuir para que as alterações da estação fria não se façam sentir nocivamente na nossa saúde. “Há um ditado na China que diz: Se uma pessoa se alimentar bem no inverno, terá forças para caçar um tigre na Primavera.” Descreve Hélder Flor.

A alimentação é uma das chaves mestras da medicina tradicional chinesa, a par da inclusão de terapêuticas como a acupuntura, a fitoterapia (plantas medicinais) ou a moxabustão (técnica terapêutica da MTC). “A temperatura dos alimentos tem um papel importante no equilíbrio corporal existindo, por isso, a distinção entre alimentos frios e alimentos quentes.” Começa por explicar o médico terapeuta. “Nos meses mais frios devemos privilegiar a ingestão de alimentos de natureza quente, como os condimentos e as especiarias, de forma a reforçar e restabelecer a estabilidade do nosso corpo.”

Os alimentos devem ser, além disso, consumidos apenas na sua época de colheita, mais concretamente no que diz respeito à fruta. Por exemplo a laranja, sendo rica em água, é considerada uma fruta fresca ou de natureza fria e por isso não deve ser consumida no inverno, sendo preferível consumir frutas neutras como a maçã ou a pera, de época ou com uma característica mais quente. Para além disso, “O elevado grau de acidez da laranja ao cair no estômago, muitas vezes de manhã em jejum, pode causar gastrites e um esvaziamento da vesícula biliar acompanhado de leves indisposições tais como náuseas ou sensação de peso abdominal, principalmente em pessoas que já tenham algumas fragilidades a nível gastrointestinal e que façam deste gesto um hábito.” Outros alimentos que têm altas dosagens de vitamina C, mas sem os inconvenientes do ácido cítrico e que são benéficos devem ser, assim, eleitos como substituição como o caju, kiwi, brócolos, couve-flor, morangos, couve portuguesa, segundo indica o especialista em medicina tradicional chinesa e osteopatia.

Outros alimentos recomendados:

Gengibre, cardamomo, canela, malagueta, pimenta preta, tomilho, orégãos, manjericão, aveia, alho francês, cebola, romã, castanhas, figos, peras, avelãs, nozes ou uvas - “exemplos de alimentos com características mais quentes que reforçam o nosso corpo e ajudam a lidar melhor com o contraste de temperatura”, reforça Hélder Flor. “Também as frutas cozidas como a banana com mel e canela podem ser uma boa alternativa aos doces pois além de aquecer, nutrir e fortalecer o organismo, ainda trazem leveza ao estômago, sendo de fácil digestão e exigem menor uso de energia corporal para metabolizá-las.”

Outro dos conselhos que o especialista não esquece é a hidratação: “A maioria das pessoas não tem o hábito de beber água no inverno o que leva a uma menor hidratação do corpo podendo provocar problemas metabólicos e assim agredir o maior órgão do nosso corpo, a pele”, indica o especialista. Como alternativa à água, a ingestão de infusões e chás quentes é também indicada já que os rins são fortalecidos e purificados.

Por fim, no que à alimentação diz respeito, Hélder Flor explica que se deve optar por sopas, legumes cozidos, grelhados ou salteados em vez de saladas e alimentos frios ou crus. “Os alimentos devem ser cozinhados por mais tempo, preferindo-se os guisados, estufados, sopas e pratos do género. Devem evitar-se os alimentos de energia fria e ter em conta os frescos.” Remata o especialista, salvaguardando sempre que cada pessoa é um caso diferente e que por isso é tão importante um diagnóstico individual de forma a perceber quais as necessidades específicas de cada um.

Fonte: 
Marta Pereira Comunicação
Nota: 
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