SPO deixa alerta para casos de cegueira preveníveis ou tratáveis nos idosos
“O cristalino sofre um processo de envelhecimento ao longo dos anos”, confirma Manuel Monteiro Grillo, presidente da Sociedade Portuguesa de Oftalmologia (SPO). É à alteração deste cristalino que se dá o nome de catarata, “que é uma das principais causas de cegueira em todo o mundo”. Aliás, de acordo com os dados da Direção-Geral da Saúde, estima-se que as cataratas venham a ser a causa de cegueira reversível em 50 milhões de pessoas até 2025. Mas não tem que ser assim, confirma o especialista. “Há tratamento disponível capaz de evitar a cegueira e devolver a visão. A oftalmologia evolui muito e consegue dar cada vez mais respostas satisfatórias.”
A este problema junta-se outro, também ele frequente na população mais idosa, a degenerescência macular relacionada com a idade (DMI), uma doença da retina que se manifesta acima dos 50 anos, sendo a sua principal característica a perda da visão central. Por cá, os dados da DGS estimam que este problema progressivo, que é assintomático nas suas formas mais precoces, afete 12,5% da população portuguesa, estando as suas formas mais tardias associadas a perda grave de visão ou cegueira.
Ainda desconhecido por muitos, o glaucoma é subdiagnosticado e “silencioso” ao provocar danos progressivos na visão sem aviso até às fases mais avançadas da doença. Apesar de o tratamento ser eficaz na estabilização desta patologia, é incapaz de reverter as lesões já provocadas. Isto significa que quanto mais precoce o diagnóstico, maior é a visão preservada.
O glaucoma afeta cerca de 80 milhões de pessoas em todo o mundo e representa um problema não só de oftalmologia mas também de saúde pública. É a segunda causa mundial de cegueira (cerca de 9 milhões de cegos por glaucoma em todo o mundo) e a primeira causa de cegueira irreversível evitável. Estima-se que mesmo nos países desenvolvidos só cerca de 50% dos portadores de glaucoma sejam diagnosticados e tratados porque a maioria dos doentes inicialmente não tem alterações visuais percetíveis.
“A nossa maior preocupação aqui é levar as pessoas a procurar cuidados oftalmológicos, uma vez que a maioria apenas recorre ao especialista numa situação tardia, quando é mais difícil realizar um tratamento eficaz”, alerta o presidente da SPO. De facto, são cada vez mais as soluções disponíveis para melhorar a acuidade visual e evitar a cegueira. Não só evoluíram os métodos de diagnóstico, como também os tratamentos, “que tornam hoje possível que se previnam e tratem doenças que há uns anos eram consideradas incuráveis.” O importante é estar atento aos sinais e procurar um especialista.