Síndrome metabólica
A síndrome metabólica caracteriza-se pela existência de um conjunto de perturbações de origem metabólica associadas a um aumento do risco de doença cardiovascular e de diabetes mellitus tipo 2. Ou seja, engloba um conjunto de factores de risco cardiovasculares de origem metabólica que inclui obesidade abdominal, dislipidémia aterogénica [triglicéridos elevados e/ou redução dos níveis de colesterol HDL (bom colesterol)], elevação da tensão arterial, pré-diabetes ou diabetes mellitus.
Existem várias definições para a síndrome metabólica, no entanto, adoptou-se em 2001 a do National Cholesterol Education Program´s Adult Treatment Panel III (NCEP-ATPIII) que considera existir síndrome metabólica quando pelo menos três das características estão presentes:
• Perímetro da cintura> 94cm nos homens e> 80cm nas mulheres
• Triglicerídios> 150 mg/dl
• Níveis de colesterol HDL (o chamado "bom colesterol") <40 mg/dl nos homens ou <50 mg/dl nas mulheres
• Pressão arterial >130/80 mm Hg
• Glicose em Jejum elevada> 100 mg/dl (5.6 ml/L), ou diabetes tipo 2 previamente diagnosticado
A prevalência do SM nos EUA é de aproximadamente 23 por cento. Nos países europeus a prevalência parece ser mais reduzida, cerca de 9,5 por cento nos homens e 8,9 nas mulheres e, em Portugal, numa investigação realizada na cidade do Porto, com uma amostra representativa de 1436 adultos, foi identificada uma prevalência de 23,9 por cento (27 por cento nas mulheres e 19,1 por cento nos homens).
A síndrome metabólica tem evolução progressiva, com agregação adicional de mais factores de risco cardiovasculares e respectivo agravamento. A sua importância em termos clínicos é enorme, uma vez que ao conseguir identificar os doentes que estão em risco de virem a sofrer de doença cardiovascular e/ou de diabetes mellitus, permite que se possa intervir preventivamente, promovendo alterações do estilo de vida.
A nível mundial as doenças cardiovasculares continuam a constituir a mais importante causa de morbilidade e mortalidade, prevendo-se que a sua prevalência continue a aumentar nas próximas décadas. Em Portugal, o problema é também relevante, não só no que respeita à doença coronária, como particularmente no que concerne ao acidente vascular cerebral, cuja incidência é das mais elevadas em todo o mundo.
Devido ao aumento das taxas mundiais de obesidade e de estilos de vida sedentários, a síndroma metabólica surge como um problema sério e preocupante não só para os clínicos mas também para os responsáveis pela saúde pública a nível mundial, uma vez que indivíduos com sindroma metabólica têm um risco mais elevado de desenvolver diabetes e doenças cardiovasculares.
Actualmente a maior parte dos esforços vão no sentido de precocemente detectar e tratar a síndrome metabólica e consequentemente, diminuir o risco de doença cardiovascular, principal causa de morte nos países desenvolvidos. Devido à importância crescente em termos epidémicos da síndroma metabólica, tornou-se fundamental a direcção de estudos relacionados com os factores de risco e/ou protectores para esta condição.
O excesso de peso e a inactividade física são considerados dois determinantes importantes da ocorrência da síndrome metabólica sendo que, alguns estudos epidemiológicos e clínicos têm demonstrado a existência de uma associação benéfica entre a actividade física e a síndrome metabólica. Esta associação parece existir essencialmente para níveis moderados e elevados de actividade física, observando-se uma redução do peso corporal e da obesidade visceral, aumentar a sensibilidade à insulina e os níveis de colesterol HDL, e diminuir o nível de triglicéridos e a pressão arterial.
A maioria dos indivíduos que desenvolve síndrome metabólica adquire inicialmente obesidade abdominal aumentando posteriormente o risco cardiovascular desenvolvendo arritmias cardíacas, insuficiência cardíaca e situações trombóticas, que são agravadas pela diabetes com insuficiência renal, cardiomiopatia diabética e diversas neuropatias. Os doentes com síndroma metabólica manifestam um conjunto de outras situações clínicas que dificultam o tratamento: dislipidemia, fígado gordo, litíase de colesterol, gota e apneia do sono.