Sindicatos da saúde anunciam greve de 24 horas no Algarve
Em conferência de imprensa realizada à porta do centro de saúde de Faro, o coordenador regional do Algarve do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP), Nuno Manjua, disse que, para além da greve, irá realizar-se no mesmo dia uma tribuna pública em defesa da saúde na região, às 17:00, frente à Administração Regional de Saúde (ARS) do Algarve.
Esta será a primeira paralisação conjunta no Algarve que congregará enfermeiros, médicos e profissionais da função pública, nomeadamente, pessoal administrativo e auxiliares de acção médica, revelaram os representantes do SEP, do Sindicato dos Médicos da Zona Sul e do Sindicato da Função Pública do Sul.
Nuno Manjua apelou à mobilização de todos os cidadãos na tribuna pública a realizar-se no dia 22 de Agosto - desde utentes a autarcas e deputados, entre outros -, acrescentando que o objectivo é declarar esse dia como o dia regional em defesa do Serviço Nacional de Saúde (SNS) no Algarve.
De acordo com Margarida Agostinho, do Sindicato dos Médicos da Zona Sul, há muitos clínicos a abandonar os serviços por reforma ou reforma antecipada, devido às más condições de trabalho, que se traduzem sobretudo na falta de pessoal e de material, o que faz com que seja difícil manter as pessoas a trabalhar.
“Os médicos estão a sair por reformas, estão a pôr reformas antecipadas nos hospitais e nos centros de saúde, porque realmente as condições de trabalho deterioraram-se muito”, afirmou aquela responsável, questionando as vantagens da criação do Centro Hospitalar do Algarve (CHA), que fundiu os três hospitais da região no verão passado.
Margarida Agostinho sublinhou que os serviços da unidade hospitalar de Portimão são os que mais têm sofrido com a fusão numa só entidade, o que é visível pela degradação do serviço de Ortopedia e a suspensão do serviço de Cardiologia, entre outros problemas que têm vindo a acentuar-se.
Rosa Franco, do Sindicato da Função Pública do Sul, chamou a atenção para o importante papel desempenhado nas unidades de saúde pelo pessoal administrativo e auxiliar e apontou inúmeras falhas nos serviços, desde a recolha do lixo ao facto de alguns profissionais serem obrigados a fazer escalas de 16 horas.
“As instituições de saúde não funcionam sem os auxiliares, principalmente porque fazem parte da equipa multidisciplinar de saúde e sem os auxiliares não há serviço nenhum que funcione”, sublinhou.
A dirigente sindical apontou ainda como exemplo o facto de telefonistas que trabalham nos hospitais terem de fazer turnos, sozinhos, das 16:00 às 24:00, sem tempo para comer, por causa da falta de pessoal.