Sinalizar populações de risco essencial para combater o impacto da diabetes em Portugal
Na semana em que se assinala o Dia Mundial da Diabetes, o Núcleo de Estudos da Diabetes Mellitus (NEDM) da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI) deixa o alerta: os números anunciados no último relatório “Diabetes: Factos e Números” do Observatório Nacional da Diabetes só podem ser revertidos com uma estratégia de sinalização das populações de risco e uma política de prevenção da diabetes mellitus, para a qual a medicina interna pode contribuir.
Segundo o mesmo relatório, a prevalência da diabetes continua a aumentar. Em Portugal, há um milhão de pessoas com diabetes, das quais 44% não estão diagnosticadas e em 2013, foram detectados 160 novos casos de diabetes por dia. 40% da população portuguesa entre os 20 e os 79 anos já tem diabetes ou pré-diabetes, verificando-se maior prevalência nos homens (15,6%) do que nas mulheres (10,7%). Mais de uma em cada quatro das pessoas entre os 60-79 anos tem diabetes e a prevalência é quatro vezes maior na população obesa do que naquela que apresenta um índice de massa corporal normal.
Álvaro Coelho, coordenador do NEDM, afirma que “ na prática clínica diária”, a medicina interna verifica que grande parte dos diabéticos tem idades superiores a 60 anos (cerca de 60%), uma grande percentagem destes tem obesidade associada (praticamente 80%) e muita iliteracia. É também muito frequente a associação da diabetes com outras co-morbilidades que se conjugam no compromisso do estado da saúde, em especial a hipertensão, a dislipidemia e as infecções para o qual são considerados população de grande risco”.
O especialista defende que “o futuro sanitário” depende de projectos que levem a uma modificação comportamental da sociedade em relação às medidas preventivas e aos meios postos ao dispor, passíveis de ser implementados no combate a estes “problemas”, em especial na população de risco, que deveria estar “sinalizada” e ser alvo de intervenção preventiva eficaz.
E de acordo com o coordenador do NEDM, “a figura hospitalar da Medicina Interna coloca a especialidade na posição de ter de contribuir para a minimização da dimensão deste “tsunami”, e de conseguir contribuir para um conjunto de procedimentos que permitam o diagnóstico mais atempado, uma intervenção terapêutica mais adequada. Isto permitirá proporcionar uma gestão da evolução da doença menos onerosa, que para além do valor financeiro que ronda hoje os 2000€/diabético/ano, acarreta ainda outros custos (pessoais, familiares, sociais, etc....), considerando-se a maior parcela despendida directamente no hospital (boa parte ao alcance do controlo do internista) .
Identificar causas, dispor dos meios e de intervenientes preparados, são as condições necessárias, segundo o NEDM, para travar o combate contra a diabetes, e contribuir para estabilizar ou mesmo fazer regredir sua a incidência.