A sexualidade na adolescência
É um assunto difícil que gera algumas vergonhas/desconfortos, suscita dúvidas e está ligado a alguns medos, principalmente por parte dos pais que têm receio que ao conversar um pouco mais abertamente com os seus filhos, façam nestes crescer a curiosidade do que é a vida sexual e que assim a iniciem mais cedo.
Mas na verdade está provado, que nas famílias onde se fala mais abertamente deste assunto, que ainda é tabu, tanto pais como filhos ficam melhor informados e leva a que os jovens utilizem mais meios anticoncepcionais, com uma menor probabilidade de uma gravidez precoce, iniciem a sua vida sexual mais tarde, conheçam melhor os perigos das DST´s (doenças sexualmente transmissíveis) e tenham menos parceiros.
Assim sendo, não devemos esquecer que a sexualidade além de ser um assunto normal, embora muito íntimo, é parte integrante da vida e que os benefícios de uma conversa franca são muito superiores ás “vergonhas” que podem existir em abordar este assunto.
Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), sexualidade “uma energia que nos motiva a procurar amor, contacto, ternura e intimidade; que se integra no modo como nos sentimos, movemos tocamos e somos tocados; é ser-se sensual e ao mesmo tempo sexual; ela influencia pensamentos, sentimentos, acções e interacções e, por isso, influencia também a nossa saúde física e mental”.
Pegando na definição da OMS, podemos perceber que nas relações sexuais há muito mais do que apenas toque e desejo. Desta forma e como seres humanos que são, os jovens vão querer vivenciar, experienciar, descobrir. Faz parte da natureza humana. Desta maneira, sabendo que enquanto pais não podemos controlar todos os passos que os nossos filhos dão nem proibir o seu desenvolvimento e crescimento, o melhor é ensiná-los e educá-los incutindo responsabilidades, para que também possam pensar por eles próprios.
A identidade sexual do ser humano é uma construção que ocorre na adolescência. Esta construção está dependente da forma como as alterações físicas ocorridas na puberdade se integraram no indivíduo, da relação estabelecida com as figuras parentais, das experiências vividas entre pares e das primeiras experiências amorosas.
Durante a puberdade com todas as transformações a ocorrer, os jovens começam a olhar para o sexo com outros olhos. O seu corpo está preparado para as relações sexuais e é por volta dos 14 anos que esta preparação termina. A nível psicológico a história é outra e mais complexa. Cada adolescente tem o seu próprio ritmo e à partida quanto mais velhos os adolescentes forem mais preparados estão. É necessário que desenvolvam a capacidade para se colocarem no lugar “do outro”, que tenham já a sua auto-estima desenvolvida ao ponto de não se sentirem compelidos ou obrigados a praticar relações sexuais e que tenham consciência para compreender as consequências da prática do acto sexual.
Assim, os pais têm um papel preponderante neste desenvolvimento, na medida em que podem elucidar e esclarecer muitas dúvidas que os seus filhos tenham. Necessário é que mantenham abertura para tal, mesmo que por vezes lhes custe focar determinados aspectos.
Começar a vida sexual não tem “hora marcada”. É para todos os efeitos uma escolha do adolescente, que não deve ser precipitada nem obrigada e que vai marcar o jovem no futuro, quer no seu desenvolvimento quer na forma como vai encarar a sexualidade.