Serra Leoa declara estado de emergência devido ao surto de Ébola
“Os desafios extraordinários requerem medidas extraordinárias”, afirmou Bai Koroma, numa mensagem dirigida à nação. “No momento, proclamo o estado de emergência pública como forma mais contundente a fim de enfrentar o surto de Ébola”, sublinhou o presidente, acrescentando que cancelou a sua participação na reunião que os Estados Unidos e países africanos realizam na próxima semana, em Washington, para poder ocupar-se da crise provocada pela doença.
Segundo escreve o Jornal de Notícias Online, o presidente anunciou também um plano de resposta nacional, cuja aplicação vai significar que “todos os epicentros da doença serão colocados em quarentena”.
A polícia e o exército darão apoio aos médicos e organizações não-governamentais para poderem realizar o seu trabalho e restringir os movimentos nas zonas afectadas pelo vírus.
As reuniões em lugares públicos também foram limitadas, à excepção daquelas destinadas a sensibilizar os cidadãos em relação à doença.
As autoridades activaram novos protocolos de actuação na chegada e partida de passageiros no aeroporto internacional Lungi, próximo de Freetown, o mais importante do país. Neste sentido, serão canceladas todas as viagens de ministros e funcionários do Governo ao estrangeiro que não sejam absolutamente necessárias.
“Estas medidas serão aplicadas inicialmente durante um período entre 60 e 90 dias e, se necessário, outras medidas serão anunciadas”, acrescentou o presidente, que qualificou de “luta nacional” a necessidade de combater o Ébola.
Segundo o último balanço da Organização Mundial da Saúde (OMS), publicado a 27 de Julho, na Serra Leoa foram registados 525 casos e 224 mortes pela doença.
Esta epidemia, sem precedentes, assola a África Ocidental desde o dia 22 de Março, quando o surto surgiu na Guiné-Conacri.
Bai Koroma tem previsto viajar na sexta-feira para a Guiné-Conacri, onde abordará estratégias regionais que ajudem a resolver o problema.
A África Ocidental mobilizou todos os recursos ao seu alcance para travar o surto de Ébola, que já infectou 1201 pessoas, das quais 672 já morreram, segundo a OMS.
A comunidade internacional já começa a preocupar-se com a extensão do surto de Ébola, como um perigo real, e o Governo britânico já realizou na quarta-feira uma reunião de emergência para avaliar a ameaça.
A doença - que se transmite por contacto directo com sangue e fluidos corporais de pessoas ou animais infectados - causa hemorragias graves e pode ter uma taxa de mortalidade que chega aos 90%.
Esta é a primeira vez que se identifica e confirma-se uma epidemia de Ébola na África Ocidental, pois até agora sempre aconteceram na África Central.