Semana Europeia do Teste VIH muda para Semana Europeia do Teste VIH-Hepatites e marca a inclusão dos testes às hepatites virais em 2015
Esta iniciativa do HIV in Europe, em que participam cerca de duas dezenas de organizações da Sociedade Civil portuguesa, tem por objetivo sensibilizar a população sobre os benefícios do rastreio regular das infeções pelo VIH e hepatites virais, tendo por lema Testar. Tratar. Prevenir. Em Portugal, esta iniciativa é coordenada pela associação GAT e pela Rede de Rastreio Comunitária.
Ricardo Fernandes, Diretor Executivo da associação GAT, refere: "O VIH e a co-infeção por hepatite viral é um grande problema em toda a Europa e também em Portugal por isso foi alargado o âmbito da semana do teste para incluir as hepatites virais na sequência de pedidos de organizações comunitárias. Estes vírus são transmitidos de forma semelhante e afetam grupos semelhantes de pessoas por isso faz sentido clínico fazer o teste para o VIH e hepatite em simultâneo. Esperamos que a comunidade faça da Semana do Teste 2015 um sucesso tão grande como nos anos anteriores”.
Cerca de 30% a 50% das pessoas que vivem com VIH na região europeia da Organização Mundial de Saúde desconhece ser seropositiva para o VIH. Ao contrário do esperado, o número de infeções tem vindo a aumentar em alguns países e estima-se que pelo menos metade destas novas infeções tenham origem em pessoas seropositivas para o VIH que desconhecem o seu estatuto serológico. De igual modo, 50% das pessoas que vivem com VIH são diagnosticadas tardiamente, atrasando assim o acesso ao tratamento e, por consequência, um terço das mortes associadas ao VIH é atribuível ao atraso no diagnóstico.
No que diz respeito às hepatites virais, estima-se igualmente que cerca de 13,3 milhões de pessoas vivam com a infeção pelo vírus da hepatite B e que aproximadamente 15% a 40% dos doentes irão desenvolver cirrose, falência hepática ou carcinoma hepatocelular. Dos 15 milhões de pessoas a viver com a infeção pela hepatite C na Europa, apesar de existir uma cura, somente 3,5% estão sob tratamento.
Facilitar o acesso das pessoas aos testes do VIH, VHB e VHC traduz-se num aumento do número de pessoas que conhece o seu estatuto serológico, travando assim a cadeia de transmissão.
Quem deve fazer o teste
A semana do teste é direcionada a populações de maior risco de VIH e hepatites virais B e C. Esses grupos incluem, mas não estão limitados a: homens que fazem sexo com homens (HSH), migrantes (incluindo pessoas originárias de países com maior prevalência), trabalhadores do sexo, reclusos e utilizadores de drogas injetáveis.
A situação na Europa
A realidade inaceitável é que 30% a 50% dos 2,2 milhões de pessoas que vivem com VIH na Europa não sabem que são VIH positivo; e 50% daqueles que são positivos são diagnosticados tardiamente, atrasando o acesso ao tratamento. A Hepatite B e C afeta cerca de 28 milhões de pessoas que são amplamente subestimadas e subnotificadas. Devido à falta de sintomas dessas doenças infeciosas são muitas vezes referidas como a epidemia silenciosa.
Isto significa que muitas pessoas não estão a fazer o teste antes de terem sintomas. Isto pode acontecer porque existem barreiras para pedir um teste, barreiras para oferecer um teste ou barreiras para a implementação das diretrizes europeias existentes para a realização dos rastreios. Isto apesar de os benefícios do diagnóstico precoce estarem bem documentados.
Quando as pessoas são diagnosticadas tardiamente com VIH e/ou hepatite B e C, estão mais propensas a sofrer complicações de saúde e a passar o vírus para outras pessoas, dado que não tiveram acesso ao tratamento. Pelo contrário, a maioria das pessoas que são diagnosticadas precocemente (logo após a infeção), e a quem são prescritos tratamentos antirretrovirais em tempo útil, podem viver uma vida saudável e ficarem também completamente livres do vírus se infetados com hepatite C. Os benefícios de testes regulares entre as populações em maior risco são generalizados - leva ao diagnóstico precoce e acesso ao tratamento que, por sua vez, tem um impacto positivo sobre o prognóstico do indivíduo e reduz a transmissão subsequente.