35 mil portugueses morrem na sequência de doença cardíaca

Selénio e coenzima Q10 fazem cair o risco de morte cardiovascular

Atualizado: 
14/02/2018 - 16:00
As doenças cardiovasculares são a principal causa de morte na União Europeia, representando um terço da mortalidade em Portugal. De acordo com um estudo sueco, uma terapia combinada de selénio e coenzima Q10 ajuda a reduzir para metade o risco de morte por doença cardíaca.

Hipertensão arterial, obesidade, dislipidemia, tabagismo e diabetes são apontados como os principais fatores de risco para as doenças cardiovasculares que, em Portugal, vitimam, todos os anos, cerca de 35 mil pessoas.

As doenças cardiovasculares são, de acordo com Fátima Veiga, cardiologista do Hospital de Santa Maria e do Instituto Nacional de Medicina Preventiva, a principal causa de morte na União Europeia e representam “um terço da mortalidade em Portugal”.

Entre as doenças que mais matam no nosso país estão o Acidente Vascular Cerebral e o Enfarte do Miocárdio, ambos associados à aterosclerose. Este fenómeno, que corresponde à acumulação de gorduras na parede dos vasos sanguíneos, tem início numa fase precoce da vida e progride silenciosamente durante anos, estando na origem das principais doenças cardiovasculares. “Cerca de 20 mil pessoas morrem de AVC e cerca de 10 mil de enfarte agudo do miocárdio”, acrescenta a especialista.

Estima-se, no entanto, que 80% das mortes prematuras por doenças cardiovasculares podem vir a ser prevenidas. “Podemos reduzir o risco cardiovascular através do controlo dos fatores de risco modificáveis, com particular enfoque na hipertensão, dislipidemia e tabagismo”, reforça Fátima Veiga.

Para esta especialista, faltam campanhas eficazes que apelem a hábitos de vida mais saudáveis. “A Direção Geral da Saúde devia promover campanhas de hábitos de vida saudáveis, redução do consumo de sal, incentivo à prática de exercício físico e melhoria do acesso ao médico de família para a realização de rastreios periódicos”, justifica.

“É necessário reduzir o número de mortes prematuras e atrasar o desenvolvimento das doenças cardiovasculares”, afirma.

Mas se é tão importante estarmos atentos aos fatores de risco modificáveis, há que ter também especial atenção à história familiar. A verdade é que “se alguém da família teve enfarte ou AVC em idade jovem, hipercolesterolemia, diabetes ou coagulopatias, a probabilidade de vir a ter doença cardiovascular aumenta”.

Quanto ao seu diagnóstico, sabe-se que as doenças cardiovasculares cursam, muitas vezes, de forma silenciosa. “Mas o doente deve estar atento ao aparecimento de cansaço repentino, que pode ser confundido com a dor no peito ou estômago que se sente com o esforço físico”, alerta a cardiologista.

A importância do Selénio e coenzima Q10 para saúde cardiovascular

De acordo com um estudo sueco, desenvolvido na Universidade de Linköping e publicado no International Journal of Cardiology, uma terapia combinada de selénio e coenzima Q10 demonstrou ser capaz de reduzir em 50% o risco de morte por doença cardíaca em pessoas de idade avançada.

“É sabido que estes dois elementos, a coenzima Q10 e o selénio, são necessários para o mecanismo de defesa contra o stress oxidativo, condição que está presente nas inflamações e no endotélio vascular nos idosos”, explica Fátima Veiga revelando que o resultado desta pesquisa tem um enorme impacto em matéria de prevenção “considerando que outros tipos de intervenções, invasivas para o doente e extremamente dispendiosas, têm uma redução inferior da mortalidade”.

Esta análise permitiu ainda concluir que os pacientes com cardiomiopatia apresentam níveis mais baixos de selénio e da coenzima Q10 e beneficiariam da suplementação diária destes dois elementos. “Os doentes com disfunção ventricular são particularmente afetados pelo stress oxidativo e pelo processo inflamatório envolvido”, explica acrescentando que, tendo em conta os resultados divulgados, “recomendaria a suplementação de coenzima Q10 e selénio aos doentes idosos, diabéticos e com doença isquémica cardíaca que têm um risco aumentado de morte cardiovascular”.

Autor: 
Sofia Esteves dos Santos
Nota: 
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