São precisos novos incentivos para fixar jovens médicos em zonas carenciadas
"Para tentarmos fixar jovens médicos no Serviço Nacional de Saúde em zonas carenciadas vamos ter que arranjar uma nova fórmula de incentivos, aproveitando os que já existem e acrescentando mais alguns", disse Miguel Guimarães, em Beja.
O bastonário falava após ter reunido com a administração da Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo (ULSBA) e ter visitado o hospital, o Centro de Saúde e a Unidade de Saúde Familiar Alfa de Beja.
Segundo Miguel Guimarães, "é preciso uma política de incentivos diferente do habitual e que englobe algumas das medidas que o Ministério da Saúde já tem e acrescente outras, porque, atualmente, contratar mais médicos em várias especialidades para zonas carenciadas, como o Alentejo, nomeadamente Beja", "é essencial para manter a capacidade de reposta".
Caso contrário, alertou, há "risco" de "haver populações muito significativas que podem não ter os mesmos cuidados de saúde que existem noutras regiões do país".
A Ordem dos Médicos está "disponível" para apresentar ao ministro da Saúde uma proposta de novos incentivos para fixar jovens médicos em zonas carenciadas, como "benefícios fiscais claros" e "mais dias de férias", que "é uma forma de atrair os jovens", disse.
Ter equipamentos nas unidades de saúde "mais de acordo com a prática da medicina atual" e "oferecer aos jovens médicos projetos de trabalho em que possam desenvolver uma determinada área da medicina fundamental para os doentes das comunidades onde trabalham" são outros dos incentivos defendidos pelo bastonário.
Durante a visita a Beja, Miguel Guimarães também reuniu com os presidentes das sub-regiões de Beja, Évora, Portalegre e Setúbal da Ordem dos Médicos para analisar os problemas e debater propostas de melhoria dos serviços de saúde no Alentejo.
A partir da reunião, explicou, a Ordem dos Médicos vai elaborar "uma carta com recomendações para melhorar a qualidade dos serviços de saúde no Alentejo" e que vai ser entregue ao ministro da tutela, Adalberto Campos Fernandes.
Uma das recomendações é a "nova fórmula" de incentivos para fixar jovens médicos em zonas carenciadas, como o Alentejo, disse, mostrando-se preocupado com a falta de clínicos e a existência de uma população médica "muito envelhecida" nos serviços da ULSBA.
Na reunião, indicou o bastonário, a administração da ULSBA comunicou que, atualmente, "precisa de mais 70 médicos" e, por isso, tem de contratar médicos através de empresas prestadoras de serviços e que em 2017 gastou 4,5 milhões de euros em prestações de serviços médicos.
Por outro lado, "entre 55% e 60% dos médicos que trabalham no hospital de Beja têm mais de 55 anos", disse, destacando "as horas extraordinárias que muitos dos médicos fazem para manterem o serviço de urgência do hospital a funcionar".