Santa Maria recebe por ano 50 casos de aneurisma para neurocirurgia e nunca houve problemas
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Falando aos jornalistas no final na Comissão Parlamentar de Saúde, o presidente do Centro Hospitalar Lisboa Norte (CHLN), Carlos Martins, revelou que tem equipas de neurocirurgia especializadas para casos de aneurisma roto, como o que vitimou um jovem no Hospital de São José em dezembro, estão de prevenção, prontas para atuar se forem chamadas ao fim de semana, e que são pagas em produção adicional, de acordo com uma tabela que existe com percentagens e valores definidos.
Essa tabela que vigorava desde 2008, agora deixou de fazer sentido ao fim de semana, uma vez que desde 24 de dezembro os hospitais funcionam com uma escala diferente e rotativa entre hospitais.
Embora sem detalhar, Carlos Martins explicou que os valores segundo os quais eram pagas estas equipas eram atualizados ao ano e semelhantes aos de prevenção.
“A prevenção de fim-de-semana que existe e que é de seis pessoas rondará sensivelmente os dois mil euros, a equipa toda, desde o assistente operacional até ao neurocirurgião. Os valores que vi pela casuística dos últimos seis anos, se tivéssemos optado pela prevenção, seriam semelhantes”, afirmou.
Estas equipas eram formadas por “pessoas que se prontificaram a integrar esse sistema, são pessoas referenciadas e que entenderam que essa era a melhor forma. Na altura, em 2008, eram cerca de 25 casos por ano que recebíamos, agora são cerca de 40 e as respostas sempre foram dadas”, assegurou.
Perante os deputados, Carlos Martins já afirmara que “no CHLN a média é de 40 a 50 casos por ano, o que dá uma média de um caso a cada sete dias”, sendo que “aquela era a melhor opção e a que os profissionais aceitavam”.
Estas equipas eram constituídas por seis profissionais: um neurocirurgião com capacidade para neurocirurgia vascular, um anestesista, com treino na neurocirurgia, três enfermeiros treinados no bloco de neurocirurgia e um assistente operacional também.
Aos jornalistas, o responsável reiterou que Santa Maria não tem “nenhuma casuística de nenhuma situação de morte ou de sequelas graves por falta de meios” e que nunca teve “nenhuma recusa de profissionais”.
“E é este o Serviço Nacional de Saúde a que estou habituado”, afirmou, da mesma forma que é esse o sistema que disse conhecer e que põe a vida dos pacientes à frente da contabilidade, tentando dar resposta a este tipo de casos urgentes o mais rapidamente possível.
“O SNS que eu conheço funciona pelo primado da vida do doente, que não tem preço. Primeiro salvamos vidas ou devolvemos qualidade de vida e depois fazemos a contabilidade. Portanto, naquele dia, a minha preocupação foi saber o que aconteceu durante os anos em que presido a instituição e os anteriores e não quanto custa ou quanto custou”, afirmou.
Quanto às 72 horas apontadas por algumas instituições como o tempo de espera possível para este tipo de doentes, Carlos Martins respondeu não conhecer a casuística dos outros hospitais, e disse ter-se apercebido nos últimos tempos, “inclusivamente por um prestigiado neurocirurgião” do Hospital de São José, de que “há uma janela de oportunidade de 72 horas”.
“Mas a casuística demonstra que a primeira reação acontece nas primeiras 24 horas, em regra”, sublinhou, acrescentando: “conheço a casuística da minha instituição e pela minha respondo”.
Carlos Martins esclareceu ainda que pôs o lugar à disposição e não se demitiu.
“De acordo com os dados que eu tinha naquela reunião do final da tarde de dia 22 [dezembro], se o meu hospital tinha sido acionado e não tinha correspondido ao pedido de apoio do Centro Hospitalar Lisboa Central, entendi que deveria colocar o meu lugar a disposição. Demitir era se eu tivesse apurado factos, não é por perceções”.