Abaixo dos 60 anos

Retinopatia Diabética grave é a principal causa de cegueira irreversível

A retinopatia diabética é o resultado do aparecimento de lesões originadas pela diabetes mellitus a nível da retina, no olho. A sua forma mais grave é a principal causa de cegueira irreversível em indivíduos de idade activa, abaixo dos 60 anos.

No dia 29 de Setembro assinala-se o Dia Mundial da Retina e a Sociedade Portuguesa de Oftalmologia (SPO) lembra que o doente diabético pode apresentar um risco de cegueira cerca de 25 vezes maior face à restante população. Prevenção e tratamento precoce são fundamentais no combate a esta doença.

Esta patologia ocular é a mais conhecida complicação microvascular da diabetes e pode ser de dois tipos distintos: a retinopatia diabética não proliferativa e a proliferativa, sendo esta última a mais grave com alterações importantes nas estruturas internas posteriores do olho.

Paulo Torres, presidente da SPO, refere que “as fases iniciais doença podem evoluir sem qualquer tipo de sintomas, sendo por isso uma fase silenciosa e enganadora da doença. Nas fases mais avançadas, o principal sintoma é a perda, muitas vezes de uma forma irreversível, da acuidade visual, geralmente consequência do edema macular que se vai instalando com destruição da área mais nobre da retina. Quando isto acontece, estamos perante as formas graves de retinopatia diabética”.

O risco de desenvolver esta patologia atinge em particular todos os doentes diabéticos de longa data (com mais de vinte anos de evolução de doença) mesmo com algum controlo eficaz da glicose no sangue, e todos aqueles que por qualquer razão não têm a sua diabetes metabolicamente controlada. A par disto, muitos doentes diabéticos apresentam também outras comorbilidades como sejam a hipertensão arterial, a obesidade e a nefropatia que podem agravar a doença ocular. 

Relativamente ao tratamento da retinopatia diabética, Paulo Torres explica que “nas formas em que há doença ocular manifesta, as principais formas de tratamento são a fotocoagulação laser e as injecções intra-vítreas de fármacos antiangiogénicos e ou de corticosteróides. A decisão de quando tratar e como tratar depende somente da decisão médica e de acordo com o quadro clínico encontrado e com a avaliação do potencial risco para perda de visão. O tratamento isolado ou combinado, laser e injecções intra-vítreas, podem reduzir em mais de 50 por cento o risco de perda visual grave. Já nas fases mais graves da retinopatia diabética proliferativa, o tratamento de eleição é quase sempre o cirúrgico. No entanto, aqui o prognóstico visual é, em muitos casos, reservado”.

Mais do que tratar, é fundamental prevenir. “A prevenção da retinopatia diabética deve ser efectuada a todos os doentes diabéticos através de rastreios”, defende o presidente da SPO. “Há em Portugal programas para rastreio da retinopatia dibética em alguns centros de saúde, onde os doentes diabéticos são submetidos a uma fotografia do fundo ocular para depois, caso apresentem lesões, serem orientados para uma consulta de oftalmologia da especialidade”, afirma o especialista.

A Sociedade Portuguesa de Oftalmologia recomenda que todos os diabéticos sejam seguidos por um oftalmologista e lembra que as fases iniciais da doença são silenciosas sem sintomatologia, o que pode negligenciar ou atrasar a ida ao médico.  Os cuidados indispensáveis são o controlo metabólico rigoroso e a ida a consultas de oftalmologia de rotina que cujo intervalo será ditado pelo quadro clínico e risco de perda irreversível de visão para cada indivíduo.

Em Portugal, estima-se que a diabetes afecte cerca de um milhão de indivíduos e que cerca de metade destes nunca tenham sido avaliados em consulta de oftalmologia.

Fonte: 
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Nota: 
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