Ressonâncias magnéticas podem evitar biópsias potencialmente perigosas
Citada pela agência France Presse, a investigação concluiu igualmente que as ressonâncias magnéticas podem reduzir em cinco por cento o sobrediagnóstico.
No caso do cancro de próstata, os casos de sobrediagnóstico incluem tumores relativamente benignos que não têm quaisquer efeitos negativos ao longo na vida do homem.
"O cancro de próstata tem formas agressivas e outras inofensivas", sublinha o autor principal do estudo, Hashim Ahmed, cirurgião da faculdade de medicina da University College de Londres.
Quando apresentam alguns sintomas ou têm altos níveis de uma proteína no sangue - detetada nos testes a um antigene específico (PSA) - os homens são aconselhados a fazer uma biópsia.
A cada ano, só na Europa, são feitas mais de um milhão de biópsias à próstata, um procedimento clínico que pode causar sangramento, dores e infeções graves.
"A biópsia corrente pode dar resultados pouco precisos porque os tecidos analisados são retirados ao acaso", afirmou o investigador, sublinhando: "pode-se mesmo falhar [a identificação de] cancros agressivos que lá estejam efetivamente".
E se a biópsia encontrar células cancerígenas, pode não ser crucial para determinar se são ou não malignas.
Como resultado, muitos homens acabam por ter 'diagnósticos falsos' e os médicos acabam por lhes prescrever medicamentos com efeitos adversos agressivos que poderiam ser evitados.
Ahmed e a sua equipa pretendiam com esta investigação descobrir se o exame de ressonância magnética poderia ser usado como teste de triagem para determinar quais os homens com PSA elevados que podem dispensar a biópsia.
A ressonância magnética é um exame que utiliza uma tecnologia à base de ondas de radiofrequência num forte campo magnético para obter imagens do corpo em vários planos. Permite estabelecer um diagnóstico médico mais preciso, já que possibilita a exibição em grande detalhe dos órgãos e tecidos do corpo.
Uma ressonância magnética multiparamétrica pode fornecer informação acerca do tamanho do tumor, densidade e proximidade da corrente sanguínea. Todos estes elementos ajudam a distinguir os cancros agressivos das formas benignas da doença.
No estudo, que incluiu cerca de 576 homens de 11 hospitais públicos britânicos suspeitos de ter cancro de próstata, foi elaborado um exame de ressonância magnética seguido de dois tipos diferentes de biópsia: uma delas a normalmente utilizada na deteção do cancro de próstata e a outra projetada para comparar a precisão da biópsia habitual com a dos resultados dos testes de ressonância magnética.
De acordo com os resultados, 40% dos homens tinham cancro na sua forma mais agressiva.
O exame de ressonância magnética identificou corretamente quase todos os casos (93%) enquanto a biópsia standard identificou apenas metade.
"Os nossos resultados mostram que a ressonância magnética deve ser usada antes das biópsias" para identificar quais os homens que têm tumores benignos e, por isso, não precisam de biópsias no imediato, afirmou Ahmed.
Contudo, acrescentou, o grupo de homens excluídos da biópsia imediata devem continuar a ser seguidos pelo médico.
Usando este método "pode-se reduzir o sobrediagnóstico de casos de tumores malignos em 5% e melhorar a deteção de cancros agressivos de 48 para 93%", concluiu o investigador.