Estudo

Residentes de Lisboa com mais de 50 anos têm menos escolaridade e rendimentos do que média europeia

Lisboa é das cidades mais envelhecidas da Europa e, entre os moradores com mais de 50 anos, regista mais mulheres do que homens, uma baixa escolaridade e rendimentos inferiores à média europeia, revelou um estudo.

Os dados, dados a conhecer na Câmara Municipal de Lisboa, baseiam-se no inquérito SHARE - Survey of Health, Ageing and Retirement in Europe, um projeto internacional e multidisciplinar que compara o envelhecimento populacional em Lisboa com o da população portuguesa e com a média de 16 países europeus, através do seguimento de pessoas com mais de 50 anos.

De acordo com o investigador Manuel Villaverde Cabral, que está a coordenar o estudo, Portugal está entre os 10 países mais envelhecidos no mundo “e o caminho é para baixo”.

Lisboa e Portugal estão nitidamente mais envelhecidos em relação à média dos outros 16 países europeus escolhidos para comparação neste estudo.

Em Portugal, apenas 13% da população tem até 15 anos, enquanto 23% tem 65 ou mais anos. Esta percentagem aumenta em Lisboa, onde um quarto da população residente é idosa.

Em Lisboa, tal como no resto do país, há mais mulheres do que homens com 50 ou mais anos, “uma diferença que vai aumentando com a idade, porque as mulheres vivem mais tempo”.

No entanto, para o investigador, o grande problema de Lisboa, mas sobretudo de Portugal, em comparação com os outros países, é “o brutal atraso” da escolaridade da população analisada.

“Portugal é absolutamente único no seu brutal atraso. Nós ainda não estamos 100% alfabetizados, coisa que os suecos estão há mais de 100 anos. E isso tem efeitos”, disse.

Mesmo assim, a capital “é de longe a região mais escolarizada de Portugal”, com uma média de 7,57 anos de escolaridade na população com mais de 50 anos, enquanto a média portuguesa é de 5,79 anos e a média de países europeus anda nos 10,4 anos de escolaridade.

O estudo revela que os portugueses com mais de 50 anos “tendem a ter qualidade de vida inferior à média europeia” e que os rendimentos familiares estão relativamente perto da média europeia, mas “são muito mais baixos do que os da Suécia”, por exemplo.

Em Lisboa, os rendimentos destas famílias rondam os 25 mil euros anuais, enquanto a média portuguesa anda em cerca de 20 mil euros e a europeia nos 30 mil euros anuais.

Para Villaverde Cabral, “o envelhecimento ativo é de longe o fator com mais peso no estado de saúde das pessoas”, apesar da concorrência de outros fatores como “o curso de vida, a diferença de escolaridade, a diferença das formas de emprego, nomeadamente o rendimento e a reforma como consequência do mesmo”.

No entanto, em Lisboa, o índice de envelhecimento ativo é de 5,82, quase o dobro do índice português (2,84), mas muito aquém da média do conjunto dos 16 países do SHARE considerados, no qual Portugal está incluído, no qual o índice de envelhecimento ativo é de 6,51.

O investigador defendeu o reforço do envelhecimento ativo através de políticas municipais destinadas a seniores, reforçando a informação de atividades disponíveis, facilitando a mobilidade individual e coletiva, o apoio ao associativismo sénior e o reforço do apoio domiciliário.

O SHARE disponibiliza dados sobre a saúde, o estatuto socioeconómico e as redes sociais e familiares, com base no acompanhamento de mais de 85.000 indivíduos, com 50 ou mais anos, desde 2001 e até 2024.

Portugal integra o projeto desde 2010-2011, contou com uma amostra de 2.080 participantes (57% do sexo feminino e 43% do sexo masculino), com uma média de idades de 66 anos, enquanto Lisboa contou com uma amostra independente representativa da cidade adicional de 501 participantes, com uma média de idades de 68 anos, sendo 60,1% deles mulheres e 39,9% homens.

Fonte: 
LUSA
Nota: 
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