Estudo revela

Rejeição social à epilepsia é "quase nula" em Portugal

Um estudo sobre a perceção da epilepsia em Portugal revela que a rejeição social face à doença é “quase nula”, que 98% dos portugueses já ouviu falar desta patologia e que 45,5% dos inquiridos já presenciou uma crise epilética.

A investigação constatou uma mudança global de mentalidade nos últimos 40 anos, comparativamente com estudos semelhantes realizados em outros países, havendo, entre os portugueses, “um grande grau de abertura” perante a doença.

O estudo, que foi desenvolvido pela Liga Portuguesa Contra a Epilepsia e pela farmacêutica BIAL, verificou que 28% dos inquiridos conhece alguém com epilepsia e 97% nega discriminação face à doença ou face a pessoas com epilepsia. Revela ainda que 72% dos participantes associa a epilepsia a uma doença do sistema nervoso e 85,4% sabe que a epilepsia não é um tipo de atraso mental ou demência.

Mais especificamente, quando questionados se equacionariam casar com alguém com epilepsia, 64,5% dos inquiridos responderam que sim, 15,6% reconhece que hesitaria e 5,4% responde que não. Já no que toca às crianças, quase 90% dos inquiridos deixaria os filhos brincar com crianças epiléticas, sendo que 1,8% recusaria.

Mais de 96% não teriam qualquer problema em conviver socialmente e ser amigo de uma pessoa com epilepsia. Também em termos laborais, concluem o estigma parece estar a desaparecer, já que 83% dos inquiridos contratariam um doente com epilepsia caso fossem donos de uma empresa.

A segunda fase do estudo, que agora vai iniciar-se, vai avaliar a perceção dos doentes de epilepsia, nomeadamente a forma como a doença influencia o seu dia-a-dia e as relações familiares e sociais.

“Vamos agora avaliar qual a posição dos doentes, que se estima serem 50 mil no nosso país. Notou-se que os inquiridos mostraram ainda algumas incertezas sobre as causas (nomeadamente hereditariedade) e tratamentos da doença. Isto é perfeitamente compreensível, até porque mesmo do ponto de vista dos clínicos especializados nesta área há muitas interrogações por responder, o que vem reforçar a importância de obter mais apoios para a investigação clínica e laboratorial", afirmou o neurologista Ricardo Rego, coordenador da delegação norte da LPCE – Liga Portuguesa Contra a Epilepsia.

O especialista considerou que as conclusões deste estudo provam “uma mudança de mentalidades face à doença e uma atitude de abertura muito positiva em relação às pessoas com epilepsia”.

Segundo o diretor-geral da BIAL, José Redondo, este estudo é a primeira etapa de “um projeto maior de sensibilização e informação sobre a epilepsia”, que será lançado ainda este ano em parceria com a Liga Portuguesa Contra a Epilepsia e a EPI – Associação Portuguesa de Familiares Amigos e Pessoas com Epilepsia, e que “vai juntar numa plataforma multimédia um conjunto de dados sobre a doença relevantes para as pessoas que vivem com epilepsia, seus familiares, profissionais de saúde e público em geral.”

Fonte: 
LUSA
Nota: 
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