Região de Lisboa tem 250 médicos por 100.000 habitantes, contra 100 no Alentejo
Excluindo os médicos internos, a Área Metropolitana de Lisboa concentra a maioria dos médicos do SNS, enfermeiros (496 por 100.000) e farmacêuticos (145 por 100.000), enquanto a região Norte concentra a maior parte dos dentistas (94 por 100.000), refere o relatório ‘Health Systems in Transition (HiT)’.
Segundo o ‘HiT’, realizado pelo Instituto de Higiene e Medicina Tropical (IHMT), no âmbito do Observatório Europeu de Sistemas e Políticas de Saúde, o Alentejo é a região que sistematicamente regista o rácio mais baixo de médicos do SNS (100 por 100.000)”, enfermeiros (273 por 100.000) e dentistas (36 por 100.000).
O Alentejo também regista o rácio mais baixo de médicos de família (41 por 100.000), bastante abaixo da área de Lisboa (69 por 100.000).
Para os autores do estudo, “a continuidade da reforma dos cuidados de saúde primários e a atribuição de um médico de família a todos os utentes do SNS”, é “fundamental para combater iniquidades e desajustes no acesso aos cuidados de saúde em Portugal”.
O Alentejo e o Algarve também têm o rácio mais baixo de psiquiatras (dois por 100.000), enquanto Lisboa tem sete psiquiatras por 100.000 habitantes.
“A área da saúde mental representa um problema importante nas áreas mais isoladas em Portugal, como o Alentejo, o que significa que a distribuição de profissionais de saúde não atende com rigor às necessidades da população”, observa o estudo coordenado em Portugal pelo economista Jorge Simões, do IMHT.
De acordo com o ‘HiT’, “apenas as cidades mais importantes do interior ou litoral interior” - Braga, Coimbra, Viseu, Leiria e Santarém – “revelam ser capazes de atrair alguns médicos, deixando a maior parte do território, sobretudo áreas rurais com população envelhecida, com escassez de profissionais”-
Relativamente aos cuidados de saúde primários, o relatório afirma que, “apesar dos progressos registados, o objetivo de atribuir a todos os cidadãos um médico de família numa unidade de cuidados de saúde primários do SNS não foi alcançado até agora”.
Contudo, a criação de Unidades de Saúde Familiar representou “um passo importante na prestação de cuidados de saúde primários”.
Sobre a reorganização e racionalização da rede hospitalar, o relatório afirma que “está ainda para ser concretizada” e defende que “a reforma deve visar a redução de excessos de capacidade em algumas regiões e a transferência de recursos para áreas com menor oferta, permitindo, ainda, uma otimização global dos recursos”.
O estudo assinala também o aumento da oferta do setor privado e a procura crescente destes serviços, explicado, em grande parte, pelos tempos de espera relativamente longos para consultas e cirurgias no SNS.
Dados do relatório indicam que o número de pessoas com seguro aumentou de aproximadamente de 500 mil pessoas em 1990 para quase 2,6 milhões em 2015, abrangendo mais de um quarto da população.