Quatro pessoas desenvolveram cancro após transplante de órgãos do mesmo dador
Rins, pulmões, fígado e coração foram retirados de um mesmo dador para serem implantados em quatro recetores diferentes e todos eles acabaram por ter cancro da mama depois da operação, segundo um estudo publicado no American Journal of Transplantation, ontem divulgado.
Os quatro doentes desenvolveram metástases e três deles morreram.
O quarto doente conseguiu sobreviver depois de os médicos terem voltado a remover um dos rins doados e após ser submetido a múltiplos tratamentos.
A dadora, de 53 anos, não tinha nenhum problema médico conhecido, nem muito menos lhe foi diagnosticado qualquer tumor maligno nos seus órgãos.
O autor do estudo, professor de Nefrologia na Universidade de Amesterdão, Frederike Bemelman, qualificou este caso como "extremadamente raro".
“Há sempre um pequeno risco (…). Também há uma pequena probabilidade de que algo aconteça no processo”, comentou o especialista.
A transmissão de uma neoplasia - cancro - após um transplante de um órgão acontece apenas cerca de cinco vezes em 10.000 intervenções e na maioria dos casos a tecnologia disponível não permite que seja detetada antes da doação.
A Diretora de Serviços Médicos da Organização Internacional de Transplantes, Elisabeth Coll, afirmou à agência EFE que "estes casos infelizes acontecem excecionalmente, porque são impossíveis de serem detetados antes”.
“Antes de se fazer um transplante de qualquer órgão são realizados todos os testes possíveis para descartar qualquer transmissão neoplásica”, salientou a responsável.