Estudo

Quase metade dos jovens em centros educativos cometeram os crimes por diversão

Quase metade dos jovens internados em Centros Educativos cometeram os crimes que os levaram ao internamento por pura diversão, sendo que a maioria consumia álcool ou drogas, segundo um estudo sobre o comportamento aditivo destes jovens e a criminalidade.

O inquérito sobre comportamentos aditivos de jovens internados nos seis centros educativos do país é um projeto desenvolvido pelo Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências (SICAD) em parceria com a Direção-Geral de reinserção e Serviços Prisionais.

Segundo o estudo, os principais crimes pelos quais os jovens cumprem a medida são o roubo, o furto e a ofensa à integridade física, sendo que a maioria (65%) cometeu pelo menos parte dos crimes sob o efeito de álcool ou drogas: 34% estiveram por vezes alcoolizados, 8% sempre e 45% estiveram por vezes sob o efeito de drogas, 15% sempre.

Quanto à motivação que os levou à prática dos crimes, 40% dos jovens referiram ter sido pela diversão ou adrenalina, 66% para a obtenção de dinheiro ou bens e 33% por causa das substâncias psicoativas (19% porque estavam sob o efeito de drogas ou álcool, 24% para conseguir comprar aquelas substâncias e 4% porque estavam a ressacar).

Os amigos têm alguma influência nestes comportamentos, já que 21% destes jovens admitem que roubam frequentemente quando estão na sua companhia e 11% fazem-no sempre.

O estudo caracterizou também os jovens quanto a fatores de risco para uso e abuso de álcool e drogas e criminalidade, revelando que a maioria viveu ruturas e transições na sua vida, como alterações na estrutura familiar, mudanças frequentes de casa ou de escola.

Antes do internamento os jovens já tinham chumbado, quase todos (95%) costumavam faltar às aulas, 86% já tinham sido suspensos ou expulsos, 70% não gostavam da escola e 16% consideravam que não tinha utilidade.

Quanto à esfera pessoal e familiar, a maioria (56%) admitiu recorrer a estas substâncias para lidar com situações difíceis, 28% identificaram um ou mais familiares próximos que se costumavam embriagar e 25% tinham elementos da família que consumiam drogas.

Relativamente à aceitação por parte da família destes comportamentos, um quarto dos jovens refere que os familiares próximos aceitam o seu eventual consumo de cannabis e 21% revelam que é aceite a embriaguez.

No que diz respeito às práticas de jogo, no último ano 83% dos jovens jogaram jogos eletrónicos sem dinheiro envolvido, mas 33% jogaram a dinheiro, não sendo esta prática permitida no Centro Educativo.

Os jogos praticados a dinheiro com mais frequência são os de cartas ou dados e os de apostas, de um modo geral no máximo uma vez por semana e envolvendo quantias inferiores a 10 euros.

O estudo indica ainda que um quinto dos jovens já teve problemas relacionados com o jogo, sobretudo envolvendo atos de violência (13%), sendo mais comuns nos jogadores a dinheiro.

O jogo sem dinheiro envolvido é permitido nos centros mediante o cumprimento de objetivos pedagógicos e em horários restritos.

No âmbito do relacionamento dos jovens com o centro educativo em que estão internados, mais de metade (57%) gosta da escola que frequenta atualmente, contra 30% que preferiam a escola anterior, e perspetivam-na como útil para aprender ou vir a ter um emprego.

Mais de metade dos jovens assume pretender mudar de vida após o internamento: 85% quanto à prática de crimes, 75% quanto ao consumo de álcool, 67% quanto ao consumo de drogas e 66% quanto ao jogo.

Fonte: 
LUSA
Nota: 
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