Estudo

Quase 70% dos portugueses de alto risco cardiovascular sofre de obesidade central

Na véspera do Dia Mundial do Coração, que se celebra amanhã, dia 29 de Setembro, são conhecidos os resultados do EuroAspire IV, um estudo com chancela da Sociedade Europeia de Cardiologia, envolvendo cerca de 7 mil doentes em 14 países, incluindo Portugal pela primeira vez.

O estudo EuroAspire IV foi realizado no âmbito dos cuidados primários de saúde e teve como objetivo avaliar a aplicação das medidas de prevenção cardiovascular nos doentes considerados de alto risco. Participaram 6700 pessoas abaixo dos 80 anos com hipertensão, diabetes, obesidade e dislipidémia (colesterol ou triglicerídeos elevados), incluindo pela primeira vez 406 doentes portugueses.

Segundo o estudo, que a nível nacional teve a intervenção da Sociedade Portuguesa de Cardiologia (SPC) e o patrocínio da AstraZeneca e MSD, não se alteraram nos últimos anos a prevalência de tabagismo, obesidade e obesidade central. A obesidade central afeta mesmo 68% dos doentes portugueses (72% das mulheres e 52% dos homens), um valor ligeiramente superior ao da média europeia (64%), mas inferior ao de Espanha (75%). A Bósnia-Herzegovina é o país europeu com o valor mais reduzido (50%), ainda assim muito elevado.

De acordo com Ana Abreu, cardiologista do Hospital de Santa Marta e uma das coordenadoras do estudo em Portugal, os dados revelam a necessidade de ser dada mais importância aos factores de risco, através de programas multidisciplinares desenvolvidos por equipas de especialistas e suportadas por medidas de saúde adequadas”. Para a especialista “são necessárias políticas de saúde que desenvolvam estratégias de prevenção cardiovascular para toda a população, mas sobretudo para os que estão em maior risco”.

O EuroAspire IV revela ainda que 80% dos doentes europeus tem excesso de peso ou obesidade e 44% de obesidade. Portugal não foi exceção, estando contudo em 10º lugar no conjunto dos 14 países com 38% de obesidade, um valor ainda assim abaixo da média europeia (44%).

Em relação ao tabagismo, 10% dos doentes de risco eram fumadores, ficando Portugal pela positiva em 12º lugar, sendo a média europeia de 17%. Não se verificou melhoria do controlo da pressão arterial, do LDL-colesterol e da diabetes, ficando Portugal a meio da tabela em termos de controlo da diabetes (62% dos doentes), com um melhor resultado para Espanha, em 3º lugar (71%). No campo da atividade física, apenas 20% dos doentes portugueses pratica exercício.

“É necessária uma cardiologia preventiva moderna, interventiva sobre fatores de risco e estilos de vida, adaptada aos níveis médicos e culturais de cada país. Precisamos de um investimento dos sistemas de saúde na prevenção da doença cardiovascular, que é a principal causa de morte na Europa”, defende Ana Abreu.

Não fumar, escolher alimentos saudáveis e naturais, com privilégio para vegetais, frutas, peixe, alimentos pouco calóricos, com pouco sal; prática de atividade física moderada a vigorosa (2,5 a 5h por semana ou 30 a 60 minutos na maioria dos dias) e controlar a pressão arterial e os níveis de colesterol são alguns dos conselhos deixados pela especialista. 

Fonte: 
Speedcom
Nota: 
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