Quase 200 plantações indígenas destacadas por melhorarem a nutrição em quatro países

A iniciativa 'Biodiversidade para Alimentação e Nutrição' recolheu, nos últimos sete anos, informações sobre o potencial que as espécies nativas ricas em nutrientes e pouco consumidas possuem, informou ontem a especialista Teresa Borelli, do centro de pesquisa da Bioversity International.
Os quatro países escolhidos têm em comum o facto de serem "lugares muito ricos em biodiversidade, mas que dependem muito de cultivos básicos" e que "as suas dietas são homogéneas e sofrem de degradação e perda de diversidade biológica", apontou.
Uma equipa de especialistas encarregou-se de procurar espécies que foram localmente adaptadas e capazes de resistir a pragas e condições climáticas extremas, como a seca, além de serem comercializadas a preços razoáveis e fazerem parte de uma dieta tradicional.
No Brasil, goiaba, camu camu, coyol ou caju foram algumas das 78 espécies que foram adicionadas ao banco de dados nacional e o seu consumo foi promovido em festivais gastronómicos, feiras, livros de receitas, programas de televisão e escolas.
Teresa Borelli observou que no Quénia foi dada especial ênfase a vegetais com folhas, como o espinafre de Malabar, a mostarda etíope ou a moringa, ao mesmo tempo que se desenvolviam escolas de negócios para agricultores interessados nesse tipo de culturas e programas de alimentação escolar que passaram a incluir essa classe de produtos locais.
Na Turquia, realizaram-se concursos e festivais com a intenção de promover o consumo de espécies selvagens comestíveis que integram a cultura tradicional, enquanto que no Sri Lanka uma conhecida cadeia de restaurantes uniu esforços para usar culturas menos conhecidas.
O projeto, financiado pelo Fundo para o Meio Ambiente Mundial, foi coordenado pelo projeto Bioversidade Internacional, com o apoio do Programa das Nações Unidas para o Ambiente (PNUMA) e da Organização da ONU para a Alimentação e Agricultura (FAO).
A diretora de nutrição da FAO, Anna Lartey, destacou que a iniciativa, que termina este ano, tem servido de exemplo sobre a importância de investigar os benefícios de "diferentes espécies que não são mais vistos nos pratos" e de procurar maneiras para vincular a sua produção aos mercados.