Saúde Oral

Projeto-piloto de dentistas em centros de saúde chegou a mais de 16 mil utentes

O projeto-piloto que introduziu médicos dentistas nos cuidados de saúde primários de 13 centros de saúde de Lisboa e Tejo chegou a 16.760 utentes num ano e envolveu quase 50.000 tratamentos, revelou hoje a Direção-Geral de Saúde (DGS).

Os dados foram revelados em Arouca na assinatura do protocolo que alargará o projeto a essa vila e que será depois replicado em mais 34 centros de saúde do país até final de 2017, altura em que essa experiência no âmbito da saúde oral estará implementada num total de 59 unidades prestadoras de cuidados primários.

Para o secretário de Estado adjunto e da Saúde, Fernando Araújo, repara-se assim "uma injustiça" cometida pelo Serviço Nacional de Saúde (SNS), em cuja estrutura "a saúde oral esteve muitos anos esquecidas".

"Não foi por falta de excelentes profissionais, mas porque no passado isso não foi a aposta de ministérios, de governos e de ‘estados', por inúmeras razões", defende o governante. "Agora queremos repor a saúde oral no centro do sistema, como uma das prioridades do SNS, e ela veio para ficar", realça.

Pedro Pires, vice-presidente da Ordem dos Médicos Dentistas, também defendeu que a ausência da medicina dentária no SNS vinha constituindo uma "enorme injustiça para com a população portuguesa", prejudicando sobretudo "as pessoas que não têm possibilidade de aceder a cuidados de saúde privados".

Para esse responsável, a nova estratégia política nesta matéria vem assim dar resposta à "carência de medicina dentária no SNS", procurando recuperar de atraso que, face a outros países da Europa, é particularmente evidente em Portugal dado o seu "elevado número de desdentados parciais ou totais".

Dando continuidade à estratégia iniciada com os cheques-dentista, que o secretário de Estado diz ter sido particularmente relevante para grupos populacionais como os de crianças, idosos e grávidas, o projeto-piloto "Médicos Dentistas nos Cuidados de Saúde Primários" obteve nas primeiras 13 unidades aderentes o que o governante considera "resultados muito interessantes".

Essa avaliação resulta de duas perspetivas: por um lado, a dos utentes, que "reconhecem que este serviço era mesmo necessário" e entre os quais "havia pessoas que não iam ao dentista há 20 anos", e, por outro, da "satisfação dos médicos dentistas que trabalharam nesses locais e, aí, sabiam que faziam realmente a diferença".

Quanto ao balanço desse desempenho, a DGS refere que os 13 centros de saúde da fase inicial do projeto receberam 16.760 utentes em 25.640 consultas de medicina dentária. Com exceção de cuidados estéticos, que não são abrangidos pelo programa, esses doentes foram sujeitos, por sua vez, a um total de 28.900 tratamentos básicos e 20.270 procedimentos complementares.

Se se alargar o universo da análise aos 11 centros de saúde que integraram o programa numa segunda fase do processo, a contabilidade total passa a incluir 32.882 utentes e 56.824 consultas até ao passado dia 30 de setembro.

Para o secretário de Estado Adjunto e da Saúde, é de realçar nesse esforço o envolvimento de autarquias como a de Arouca, que, perante centros de saúde sem equipamento de medicina dentária, se dispuseram a suportar o investimento necessário para o efeito - o que, no caso específico desse município, implicou mais de 37.000 euros.

"Não é da competência da autarquia assumir esta despesa e por aí se vê a diferença entre os políticos", realçou Fernando Araújo.

Na sua fase inicial, o projeto-piloto "Médicos Dentistas nos Cuidados de Saúde Primários" foi implementado nos centros de saúde de Alenquer, Arruda dos Vinhos, Azambuja, Cartaxo, Costa da Caparica, Fátima, Lourinhã, Mafra, Moita, Montemor-o-Novo, Portel, Rio Maior e Salvaterra de Magos.

A segunda etapa passou a abranger também os de Arouca, Castelo de Paiva, Celorico de Basto, Cinfães, Damaia, Estremoz, Faro, Freixo de Espada à Cinta, São João da Pesqueira, Moimenta da Beira e Tabuaço.

Já até final de 2017, a terceira fase do projeto alargar-se-á a Alfandega da Fé, Algueirão, Bragança, Cacém (Olival), Carnide, Carrazeda de Ansiães, Carregal do Sal, Castelo Branco (Izeda), Macedo de Cavaleiros, Matosinhos (Leça), Miranda do Douro, Mirandela, Mogadouro, Monte Pedral, Moscavide, Odivelas, Ovar, Paço de Arcos, Portimão, Porto (Aldoar, Barão de Nova Sintra e São João), Póvoa de Santo Adrião, Queluz, Santa Comba Dão, São João da Talha, Santo António de cavaleiros, Tavira, Torre de Moncorvo, Torre de Dona Chama, Vila Flor, Vimioso, Vinhais e Vouzela.

Fonte: 
LUSA
Nota: 
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