Preço de novo remédio para hepatite C é “totalmente imoral”
“O Infarmed está a autorizar tudo o que são casos de life saving [para salvar vidas]. E o que queremos é ter uma estratégia concertada com outros países que também não aprovaram o medicamento e que são a maioria. Para tentar baixar [o preço], porque obviamente o preço é totalmente imoral”, afirmou o ministro Paulo Macedo, a propósito do Dia Mundial contra a Hepatite, que se assinala ontem [28 de Julho].
O ministro já tinha sugerido uma aliança de vários países para tentar reduzir o preço dos novos medicamentos para a hepatite C, um novo grupo de fármacos que permite a cura definitiva em mais de 90% dos doentes tratados.
Paulo Macedo insistiu na ideia de uma estratégia concertada de vários países europeus, afirmando que Portugal quer, “de certeza, aceder à inovação”, mas com preços que tornem possível a sua comparticipação.
O ministro, aliás, citou o exemplo de outro medicamento para a hepatite C que já desceu cerca de 60% o seu preço face à proposta inicial dos laboratórios.
“Quando estamos a falar de negociações, de aceitar uma proposta/imposição num tempo ou noutro, e isso significa centenas ou dezenas de milhões de euros para os contribuintes, isso não admitimos”, afirmou.
SOS Hepatites diz que “imoral” é doentes morrerem sem novo medicamento
A presidente da Associação SOS Hepatites reage às declarações do ministro e esperava que o Governo aproveitasse o Dia Mundial das Hepatites para anunciar o acesso a este novo medicamento. Contudo, o resultado foi completamente diferente. A presidente da associação admite que tem lógica tentar conseguir um preço mais barato, mas se a espera demora muito vamos ter doentes a morrer de forma desnecessária.
Emília Rodrigues defende que este medicamento é caro mas vai poupar, a prazo, muito dinheiro ao Estado pois evita outro tipo de tratamentos e cura mais de 90% dos doentes em 3 meses.
A presidente da SOS Hepatites contesta ainda as palavras do ministro que falou em “imoralidade”. Segundo Emília Rodrigues, “não existe preço para uma vida humana e imoral é os doentes morrerem por não terem acesso a este medicamento”.