Portugueses pioneiros na técnica para reparar lesões na medula
Darek Fidyka, um búlgaro que ficou paralisado há quatro anos, voltou a andar depois de submetido a um auto transplante de células das mucosas olfactivas. A sua recuperação foi divulgada ontem [21 de Outubro]. António Pereira, de Peniche, também ficou paralisado em 2004 e desde 2008 que consegue pôr-se de pé e dar alguns passos, graças a um auto transplante das células das mucosas olfactivas, realizado no Hospital de Egas Moniz (HEM), em Lisboa.
O êxito da técnica britânica que ontem foi notícia um pouco por toda a Europa foi publicado na revista Cell Transplatantion e o seu autor considerou, em declarações à BBC, que este avanço é “mais impressionante do que o homem andar na Lua”. No estudo, a equipa coordenada por Geoffrey Raisman explicita: “do nosso conhecimento, esta é a primeira indicação clínica de efeitos benéficos de transplantes autólogos de células bulbares [na mucosa olfactiva]”.
No entanto, a recuperação de movimentos de pessoas paralisadas usando as células das mucosas olfactivas começou a ser feita em Portugal, em 2001, por uma equipa liderada pelo neurologista Carlos Lima (falecido em 2012). A técnica portuguesa foi aplicada a dezenas de doentes nacionais e norte-americanos, alcançando também resultados positivos. Alguns conseguiram voltar a andar, com apoio de andarilho, ou mantêm-se em pé. Este programa passou a contar, em 2003, com a parceria da Wayne State University, em Detroit.
“Conseguimos melhorias muito importantes. Um deles não conseguia mexer-se e agora anda com a ajuda de um andarilho”, explica ao Diário de Notícias Jean Peduzzi-Nelson, investigadora daquela universidade e conselheira da técnica desenvolvida em Portugal. Outros recuperaram movimentos e sensibilidade, como é o caso de António Pereira.
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