Portuguesa recebe em Paris prémio europeu do jovem investigador
A cientista foi seleccionada pelo trabalho sobre as mutações do gene TREM2, indicado como possível factor de risco da Doença de Alzheimer e de outras doenças degenerativas como a Demência Frontotemporal.
A votação foi feita por um comité científico europeu e o prémio é atribuído pela "Association pour la Recherche sur Alzheimer" (Associação para a Investigação sobre Alzheimer), criada em 2004, em França, e dedicada à pesquisa sobre a doença.
"Isto é um prémio que vem reconhecer o trabalho que temos desenvolvido nestes últimos tempos e é também uma motivação muito grande para o futuro. É um prémio que foi atribuído, por votação, por outros investigadores e, portanto, é um reconhecimento pela comunidade científica internacional", disse Rita Guerreiro.
A investigadora fez questão de sublinhar que "é um prémio que reflecte todo o trabalho de uma equipa" nos últimos dez anos, em referência ao laboratório Guerreiro-Bras, chefiado por ela e pelo marido José Miguel Brás e que faz parte do Departamento de Neurociência Molecular do Instituto de Neurologia da University College London.
"É muito gratificante vermos que uma descoberta que nós fizemos - que não está tão directamente associada com o doente mas que claramente levou a um melhor conhecimento da doença - está neste momento a fazer com que haja investigação mais aplicada, principalmente em termos de fármacos que se estão a basear nestas descobertas", continuou a investigadora.
O prémio é de 10 mil euros, um montante que pretende "apoiar e encorajar um jovem investigador que tenha projectos de investigação prometedores", de acordo com a página da internet da associação.
"É sempre dinheiro essencial para conseguirmos manter o laboratório a funcionar e vai ser essencial para conseguirmos continuar os estudos que temos estado a desenvolver", explicou a investigadora de 34 anos, acrescentando que o laboratório continua a "estudar famílias com doenças raras".
Rita Guerreiro saiu de Portugal em 2006 e não pensa regressar porque "na mesma área será muito difícil", ainda que gostasse "muito".
"Os apoios à ciência são cada vez menores e para fazer trabalhos deste género é necessário um investimento muito grande, os projectos são muito caros, manter um laboratório custa muito dinheiro - especialmente na área da genética - e é necessário estar ligado a grupos e a instituições com uma grande capacidade financeira. Eu diria que seria quase impossível fazer o mesmo tipo de trabalho em Portugal", concluiu.