Ministro da Saúde garante:

Portugal “não está num impasse” no tratamento da hepatite C

O ministro da Saúde, Paulo Macedo, garantiu que Portugal “não está num impasse” no que respeita ao tratamento da hepatite C e defendeu que o preço dos medicamentos deve ter “uma base europeia”.

“Nós num impasse não estamos porque conseguimos tratar os doentes e temos esta posição já muito forte que é a de que o preço devia ter uma base europeia. Cada país a negociar é muito mais fraco”, disse Paulo Macedo comentando assim a notícia de que o Governo português se prepara para apresentar aos restantes países da União Europeia uma proposta sobre a compra de fármacos para a hepatite C.

O ministro da Saúde aproveitou para reiterar que considera “importante ter um racional de preço”, lembrando que “este preço [o que consta da proposta portuguesa] pelo menos tem um racional face àquilo que foi estabelecido para outros países”.

“O que pretendemos é haver uma discussão em termos europeus pela ameaça que é este tipo de preço ao serviço nacional de saúde de cada país. Os países não conseguem suportar”, disse, referindo-se a reacções negativas de países como EUA, da Inglaterra e da França.

Questionado sobre as informações de que algumas famílias de doentes com esta doença ameaçam instaurar processos na justiça devido à espera por tratamento, Paulo Macedo sublinhou que Portugal tem “critérios que definem quais os doentes prioritários: e esses, a nossa informação é que os conseguiremos tratar atempadamente. Já temos várias dezenas de doentes em tratamento. Passamos de ter zero pessoas tratadas para várias dezenas de pessoas tratadas”, disse.

"Volto a lembrar um aspecto: os doentes são tratados de várias formas, de acordo com o seu genótipo, e não apenas por este medicamento. Conseguimos tratar um conjunto maior de doentes porque há a possibilidade de concorrência a curto prazo e não ficarmos completamente capturados pela indústria farmacêutica", acrescentou.

 

Ministro admite lista “significativa” para transplantes renais

Presente na 47.ª Reunião Anual da Sociedade Europeia de Nefrologia Pediátrica que reúne no Porto cerca de oito centenas de especialistas da área, o ministro da Saúde, Paulo Macedo, admitiu que a lista de espera para transplante renal é “significativa”, defendendo a necessidade de avançar para uma recuperação mais intensa.

"Tivemos uma redução no número de transplantes renais. Fizemos várias alterações na recolha de órgãos e estamos a aumentar significativamente o número de transplantados, quer na área renal quer nas outras áreas. Na área renal temos de fazer uma recuperação mais significativa", sustentou Paulo Macedo.

Paulo Macedo defendeu a aposta em “centros de referência devidamente identificados” e destacou o facto de esta semana ter sido decidido que “o apoio aos doentes transplantados passou a ser idêntico ao de doentes oncológicos”.

Na intervenção que fez, o ministro apontou a existência de cerca de 800 mil pessoas que sofrem problemas renais crónicos em Portugal, referindo que são descobertos cerca de 2 mil novos casos todos os anos e reconhecendo que a lista de espera para transplante é “significativa”.

Sobre o tratamento de doentes renais, o ministro da Saúde assegurou que não fará qualquer descentralização de tratamentos que envolvam especialização.

“Faremos alguma descentralização no acompanhamento mas há áreas que não queremos descentralizar. Que fique muito claro: Há áreas que são de grande especialização e que os doentes ganham. Não faremos numa área de grande especialização dispersão pelo país. Não fazemos nós nem nenhum país do mundo”, acentuou.

O ministro da Saúde aproveitou para destacar que, neste encontro, que não se realizava em Portugal há 30 anos, junta pela primeira vez três sociedades da área, referindo-se à EWOPA (European Working Group on Psychosocial Aspects of Children with Chronic Renal Failure), ERA-EDTA (European Renal Association-European Dialysis and Transplant Association) e IPNA (International Pediatric Nephrology Association).

“O sector da nefrologia e da insuficiência renal crónica constitui uma das nossas prioridades”, garantiu o ministro da Saúde, perante algumas centenas de especialistas da área, 90% dos quais estrangeiros, conforme dados da organização que destaca a presença de representantes dos quatro continentes.

Fonte: 
LUSA
Nota: 
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