Portugal é um dos países que apresenta maior volume de prescrição de antibióticos e uma taxa mais elevada de resistências

Numa mesa redonda sobre o tema vai debater-se a situação atual em Portugal, que Júlio Rodrigues Oliveira, internista, considera “má. Coloca-nos no mapa da Europa acima da média para as taxas de infeção pelos micro-organismos mais problemáticos. Somos também um dos países que mais antibióticos prescreve, e com mais largo espetro, quer nos hospitais, quer na comunidade”.
Em debate estarão também as estratégias de prevenção de emergência e de prevenção de transmissão, assim como alguns dos erros que continuam a existir e reforçam a necessidade de ação, como “medo do erro médico, pressão da sociedade, dos doentes e dos familiares e alguma falta de rigor quanto às indicações técnicas e científicas, por razões de desinformação e défice de formação”.
Apesar de bem-vindos, novos antibióticos não iriam resolver o problema, defende o especialista. E isto porque, “persistindo os erros e pressões no sentido da evolução das resistências, novas resistências surgirão”. Quanto às resistências, para além do impacto pessoal, deixam também a sua marca na sociedade. Segundo Júlio Rodrigues Oliveira, podem “alterar a nossa capacidade de tratamento de vários tipos de doenças agudas ou crónicas não infecciosas”. São tratamentos que muitas vezes favorecem o eclodir de infeções graves. “Sem antibióticos eficazes, não será possível realizar com segurança quimioterapia para o cancro, grandes cirurgias abdominais, transplantes, imunossupressão para doenças autoimunes precocemente incapacitantes” e por aí fora.