Portugal é dos países que melhor preservou a vocação generalista da Medicina Interna

Portugal é, provavelmente, o país no mundo que melhor soube preservar a vocação generalista da Medicina Interna e a posição nuclear da especialidade no hospital. Os internistas em Portugal têm capacidade para abordar todas as doenças médicas dos adultos, seja nos serviços de urgência, nas enfermarias ou no ambulatório, podem tratar a maioria das doenças, decidir quando necessitam a cooperação de outras especialidades ou em que circunstância devem referenciar os doentes a outras especialidades. Além disso, têm também a capacidade para abordar os doentes sem diagnóstico, tratar as doenças sistémicas e prestar cuidados paliativos.
Os internistas portugueses são competentes e dedicados e, são essas características que têm permitido dar resposta à variabilidade da pressão sobre os hospitais nas urgências e no internamento e tem evitado ruturas no SNS. No entanto, este esforço tem um impacto relevante sobre a vida pessoal e familiar de cada internista, que aliado à diminuição do rendimento mensal e do preço das horas extraordinárias, tem lançado muitos na procura do duplo emprego e tem provocado um crescente burnout entre estes profissionais e assistentes. Luís Campos alerta que “este é um problema a que urge fazer frente, através da discriminação positiva da Medicina Interna e de outras medidas que atenuem este problema e tornem o exercício desta especialidade mais compensador e atrativo.”