Poliomielite
A poliomielite é provocada por um vírus conhecido como poliovírus, um enterovírus, que se transmite ao engolir substâncias, como água, contaminadas por fezes infectadas. A infecção estende-se do intestino a todo o corpo, mas o cérebro e a espinal medula são os mais gravemente afectados.
Nos primórdios do século XX, grande parte dos recursos sanitários eram destinados às pessoas infectadas pela poliomielite. Hoje em dia, a maioria dos médicos nunca viu uma infecção nova de poliomielite. Nos países industrializados os surtos de poliomielite desapareceram quase por completo graças aos maciços programas de vacinação. Antes de existirem as vacinas, os surtos surgiam durante os meses de Verão e de Outono em zonas de clima temperado. Nos países em vias de desenvolvimento, o vírus pode propagar-se através da água contaminada por fezes humanas. As crianças com menos de 5 anos de idade são especialmente propensas a infectar-se desta forma.
Sintomas e diagnóstico
Na maioria dos casos, a infecção desaparece ao fim de cerca de duas semanas, mas pode provocar a paralisia irreversível dos grupos musculares afectados como sequela. Por outro lado, como este tipo de paralisia afecta o desenvolvimento esquelético e muscular dos bebés, com o passar do tempo, é muito comum que se comecem a evidenciar assimetrias, posições anómalas, rigidez e deformações nos segmentos corporais afectados.
A poliomielite que afecta as crianças pequenas costuma ser ligeira. Os sintomas, que começam entre o 3.º e o 5.º dia depois da infecção, consistem numa sensação de mal-estar geral, febre ligeira, dor de cabeça, irritação da garganta e vómitos.
A poliomielite grave é mais provável nas crianças mais velhas e nos adultos. Os sintomas, que normalmente surgem entre o 7.º e o 14.º dia depois da infecção, incluem febre, dor de cabeça intensa, rigidez do pescoço e das costas e dor muscular profunda. Em algumas zonas da pele aparecem sensações raras, como picadas e uma invulgar sensibilidade à dor. A doença pode estacionar ou até progredir e desenvolver-se debilidade ou paralisia em certos músculos, dependendo de que partes do cérebro e da espinal medula forem afectadas. A pessoa pode ter dificuldade em engolir e pode sufocar com saliva, alimentos ou líquidos. Ao engolir, por vezes os líquidos passam para o nariz. Finalmente, a voz pode tornar-se nasalada.
Pode ser diagnosticada a poliomielite a partir destes sintomas. O diagnóstico confirma-se ao identificar o poliovírus numa análise às fezes e ao detectar valores de anticorpos perante o vírus no sangue.
Complicações
A complicação mais grave da poliomielite é a paralisia permanente. Embora a paralisia ocorra em menos de 1 em cada 100 casos, a debilidade permanente de um ou mais músculos é bastante frequente.
Por vezes, a parte do cérebro responsável pela respiração pode ser afectada e provocar debilidade ou paralisia nos músculos do peito. Durante as epidemias dos anos 1940 e 1950, esta complicação fez com que se generalizasse o uso do pulmão de aço, um incómodo dispositivo mecânico que facilitava a respiração. Hoje em dia, a morte por poliomielite é rara.
Algumas pessoas desenvolvem outras complicações vinte ou trinta anos depois de terem sofrido um ataque de poliomielite. Esta doença (síndroma de pós-poliomielite) consiste numa fraqueza muscular progressiva, que muitas vezes é causa de uma grave invalidez.
Prevenção
A prevenção da poliomielite consiste na vacinação. A vacina da poliomielite está incluída nas imunizações sistemáticas das crianças.
Existem dois tipos de vacinas antipoliomielíticas. A primeira a ser utilizada foi a vacina Salk, composta por vírus mortos e aplicada através de uma injecção subcutânea. A outra, que à excepção de raras ocasiões é a que se utiliza actualmente, corresponde à vacina Sabin ou antipoliomielítica oral trivalente, elaborada com os três subtipos de poliomielite atenuados e administrada por via oral sob a forma de gotas, na maioria dos casos dissolvidas num torrão de açúcar.
No entanto, em casos muito raros, a vacina viva pode provocar poliomielite, sobretudo em pessoas que têm um sistema imunitário deficiente. Por conseguinte, a vacina viva não é administrada a estas pessoas ou às que tenham contacto permanente com elas, porque o vírus vivo elimina-se pelas fezes durante determinado tempo depois da vacinação.
Nos países industrializados não se recomenda vacinar pela primeira vez pessoas maiores de 18 anos, pois o risco de adquirir poliomielite nessas circunstâncias é extremamente baixo. Os adultos que nunca tenham sido imunizados e que vão viajar para uma zona onde a poliomielite ainda representa um problema sanitário deverão ser vacinados.
Tratamento
A poliomielite não se cura e os medicamentos antivirais não afectam o curso da doença.
Apenas é necessário, quando a poliomielite manifesta sinais e sintomas, recorrer-se à hospitalização do paciente, de modo a que sejam adoptadas as medidas adequadas para solucionar eventuais complicações agudas e prevenir sequelas. Para além disso, pode-se recorrer à aplicação de gesso ou outros dispositivos, com vista a corrigir contracturas musculares. Após se ultrapassar a fase aguda da poliomielite paralítica, costuma-se proceder à realização de fisioterapia, com o objectivo de recuperar, o máximo possível, a força dos músculos afectados e, caso seja necessário, realizar várias técnicas cirúrgicas para corrigir deformações esqueléticas.