Crianças

Pneumonia pediátrica adquirida na comunidade

Atualizado: 
15/09/2014 - 10:06
A pneumonia pediátrica adquirida na comunidade continua a ser uma das principais causas de morbilidade e mortalidade.
Pneumonia pediátrica adquirida na comunidade

A pneumonia é uma infecção nos pulmões e caracteriza-se pela presença de febre e/ou sintomas e sinais agudos do tracto respiratório inferior. Chama-se pneumonia adquirida na comunidade (PAC) quando a infecção é adquirida fora do ambiente hospitalar, isto é, se a criança não esteve internada nos sete dias que precedem o diagnóstico, ou este é feito nas primeiras 48 horas de internamento.
A PAC tem elevada prevalência nas crianças e pode transmitir-se vários modos, dependendo da causa. No caso de se tratar de um microrganismo, a transmissão pode ocorrer por inalação de gotículas respiratórias contaminadas ou micro aspiração de secreções contaminadas da faringe. Continua a ser uma das principais causas de morbilidade/mortalidade em idade pediátrica. Em Portugal, a incidência anual de internamentos em Pediatria, por PAC é de cerca de 30/1000.

A PAC pode ocorrer em todas as idades no entanto, existem microrganismos diferentes dependendo da idade e também da sua condição geral de saúde. Por exemplo, os recém-nascidos, as crianças imunodeprimidas, com doenças crónicas ou internadas, constituem um grupo à parte, podendo ser infectadas por microrganismos diferentes. Além disso, em idades mais precoces (até aos 3 meses) a gravidade da pneumonia é habitualmente superior à de uma criança mais velha.

Factores de risco
A idade da criança, a frequência no infantário, o ambiente familiar e a apresentação clínica da doença são factores a ter sempre em consideração. Se os vírus respiratórios são os principais agentes infecciosos mais vezes implicados, as bactérias como o Mycoplasma pneumoniae, o Staphylococcus aureus, o Haemophilus influenzae tipo b e o Pneumococcus, (actualmente menos frequentes, devido às vacinações instituídas) são outras causas de pneumonia na criança.

Sinais e sintomas
Habitualmente a criança apresenta mal-estar, febre elevada e tosse, podendo também apresentar dificuldade respiratória, dor no tórax, perda de apetite, vómitos ou dor abdominal.

Os especialistas costumam alertar para o facto de, nem toda a criança com pneumonia tem tosse e nem toda a criança que tosse tem pneumonia.

Nas pneumonias víricas, existem muitas vezes familiares com sintomas respiratórios em casa e a criança apresenta, durante alguns dias, pingo no nariz e tosse; entretanto, surge febre, que não costuma ser muito elevada e sinais de dificuldade respiratória, mais ou menos intensos.

O quadro de pneumonia bacteriana é habitualmente mais súbito e exuberante, com febre elevada, tosse e dificuldade respiratória.

Diagnóstico
O diagnóstico etiológico (conhecer a causa) não é essencial na maioria dos casos de PAC. A decisão do tratamento impõe-se no momento do diagnóstico e baseia-se sobretudo em critérios epidemiológicos (contexto familiar de infecção, frequência de Infantário, agentes mais frequentes no grupo etário a que a criança pertence) e apresentação clínica.

O especialista pode basear-se apenas na observação da criança para concluir que se trata de uma pneumonia, sem requisitar qualquer exame. Pode inclusive acontecer que nas crianças que não têm uma pneumonia complicada e que cumprem o tratamento em casa, não necessitem de fazer outros exames de diagnóstico. No caso, de pneumonias mais graves que obrigam ao internamento, é habitual realizarem-se radiografias pulmonares e outros exames no sentido de avaliar o seu estado clínico e determinar a causa da pneumonia. Contudo, o diagnóstico da PAC pode incluir a clínica, com particular importância para a auscultação pulmonar, radiografia pulmonar e resultados laboratoriais.

Causas
A PAC é normalmente causada por microrganismos (bactérias, vírus, ...) que atingem os pulmões e que aí se instalam desenvolvendo uma infecção. Pode também ser causada por gases nocivos, aspiração do conteúdo do estômago, etc.

Os vírus respiratórios são os agentes mais frequentemente responsáveis por PAC nas crianças mais novas (até aos 5 anos), sendo cada vez menos prevalentes à medida que cresce.

São relativamente frequentes as infecções por mais que um agente (coinfecção em 8 a 40 por cento dos doentes hospitalizados). Em qualquer idade, o Streptococcus pneumoniaeé o agente mais vezes responsável por pneumonia bacteriana grave.

As infecções por Haemophilus Influenza tipo b foram virtualmente eliminadas nos países em que a vacinação é obrigatória e universal. No entanto, podem ter de ser consideradas nas crianças muito pequenas, não completamente imunizadas.

Actualmente, o Staphilococcus aureus é um agente muito raro de pneumonia, não podendo, no entanto, ser esquecido, particularmente no primeiro ano de vida.

O Streptococcus pyogenes, embora seja uma bactéria poucas vezes responsável por PAC, pode causar pneumonias graves.

Tratamento
A decisão sobre o tratamento empírico deve basear-se nos critérios de diagnóstico e que incluem a idade da criança e consideram factores epidemiológicos, quadro clínico e dados da radiografia de tórax.

O tratamento deverá incluir medidas gerais de controlo da febre, hidratação e oxigenação adequadas. De uma forma geral os medicamentos utilizados no tratamento da PAC são os antibióticos e os antipiréticos (medicamentos que baixam a temperatura) Contudo, um grande número de pneumonias em crianças são causadas por vírus e estas não são tratadas com antibióticos, portanto o tratamento é individualizado.

A maioria das crianças pode ser tratada em casa, mas cabe ao médico avaliar clinicamente o doente e decidir o local onde deve ser feito o tratamento. Habitualmente, os recém-nascidos são internados.

O prognóstico da PAC nas crianças é bom, com recuperação completa sem sequelas na maioria dos casos. Existem raras situações em que a doença é mais grave, prolongada e pode deixar sequelas.

Actualmente, existem no mercado duas vacinas que são dirigidas contra duas bactérias que frequentemente causam pneumonia ( Haemophilus influenza e Streptococcus pneumoniae). Uma delas (contra o Haemophilus influenza) encontra-se incluída no actual plano de vacinação e desde a sua introdução este agente raramente é responsável por pneumonias. A administração da outra vacina deve ser discutida com o médico assistente da criança.

Fonte: 
alert-online.com
Sociedade Portuguesa de Pediatria
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico e/ou Farmacêutico.
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