Pneumonia mata 4,2 milhões em todo o mundo
A pneumonia é uma inflamação do pulmão, em que os alvéolos são preenchidos por líquido constituído por células inflamatórias, bactérias/vírus e restos celulares impossibilitando a adequada troca gasosa. Tem uma causa infecciosa e resulta da propagação de bactérias já existentes na orofaringe para o pulmão, que ultrapassam os mecanismos de defesa e desenvolvem a infecção ou da inalação de gotículas infectadas eliminadas por pessoas doentes. O agente mais frequentemente relacionado com as pneumonias bacterianas é o Streptococcus pneumoniae.
A pneumonia adquirida na comunidade é responsável por cerca de 4.2 milhões de mortes em todo o mundo. Em Portugal cerca de 81 portugueses são internados por dia e destes, 16 irão morrer.
Sendo considerada a terceira causa de morte por doença, no mundo, ela comporta um forte impacto económico, com cerca de 1 milhão de euros em custos directos por internamento, correspondendo a 80 milhões de euros por ano.
Na última década, o número de internamentos e de óbitos tem revelado uma tendência crescente, sobretudo nos grupos de risco. Estes grupos são as crianças ou idosos e, qualquer pessoa, independentemente da idade, com uma doença crónica que lhe diminua o sistema imunitário ou que possa agravar na presença de processos infecciosos como a pneumonia. Destas doenças destacam-se as neoplasias, a doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC), diabetes, doenças cardíacas/hepáticas, imunodeficiências.
Os sintomas são gerais e inespecíficos, sendo os mais comuns a febre, que pode ser alta, tosse com ou sem expectoração; esta quando existe pode ser esverdeada, amarelada ou até mesmo com sangue, falta de ar e dor torácica. Dores no corpo e cansaço também costumam estar presentes. Este quadro pode desenvolver-se rapidamente ou ter início como um síndrome gripal e evoluir ao longo dos dias. Dada a inespecificidade das queixas é necessária uma avaliação médica para excluir outras causas.
O diagnóstico é confirmado pela realização de uma radiografia do tórax em que se torna evidente a localização e extensão da doença, bem como eventuais complicações imediatas.
Apesar do número crescente de internamentos nem todas as pneumonias têm indicação para serem internadas. O mesmo vai depender das comorbilidades (doenças como diabetes, neoplasias, insuficiência cardíaca e/ou hepática,DPOC, entre outras), gravidade clínica da apresentação (extensão da doença revelada pela radiografia do tórax, presença de complicações como derrame pleural – liquido no pulmão; compromisso de outros orgãos nomeadamente função renal, déficit de oxigénio no sangue), incapacidade de cumprir a medicação seja por não ter via oral ou por problemas sociais. Outro factor a ter em consideração é a idade, pois a população idosa, precisamente por ter mais patologias é um grupo com maior mortalidade.
O tratamento passa por antibióticos, cuja escolha irá depender da provável etiologia, da existência de alergias e das patologias do doente. Em caso de internamento, é frequente o uso de antibióticos injectáveis. Devido ao aumento das resistências das bactérias aos antibióticos, estes devem ser prescritos apenas por médicos e após confirmação do diagnóstico. Entre quatro a seis semanas após o tratamento, todos os casos diagnosticados devem ser reavaliados com repetição da radiografia de modo a confirmar a resolução do problema.
A prevenção é a medida mais importante para reduzir o número de casos, e esta passa por medidas gerais como cessação tabágica, alimentação saudável, prática de exercício físico e uma boa higiene oral.
Estão também recomendadas medidas específicas, nomeadamente pela Direcção Geral de Saúde, que são as vacinas, quer a antigripal quer a pneumocócica. Estas estão recomendadas a todos os indivíduos com mais de 65anos, doentes crónicos com patologias como DPOC, diabetes, neoplasia, doenças cardíacas e/ou outras que comprometam a capacidade do organismo se defender de uma infeção.
A vacina antigripal deve ser realizada anualmente. São frequentes os casos de pneumonia pós-processos infecciosos virais, daí a sua recomendação. Existem duas vacinas pneumocócicas, a 23 valente e, a mais recente, com 13 serótipos. Esta última está incluída no plano nacional de vacinação desde 2015 e é gratuita para adultos que sejam portadores de doenças específicas (por exemplo HIV/SIDA, leucemia, linfoma).