Pneumonia, a doença pulmonar que mais mata em Portugal
De acordo com a Fundação Portuguesa do Pulmão, as pneumonias em Portugal têm vindo a tornar-se num problema francamente sério. Facto que tem vindo a ser salientado em todos os relatórios do Observatório Nacional da Doenças Respiratórias publicados desde 2005.
Ultrapassada apenas pelo Reino Unido e Eslováquia, a situação preocupa especialistas.
A gravidade da situação é ainda sublinhada pelos dados divulgados pela Comunidade Europeia: nos 28 países a mortalidade média por pneumonia é de 13 por 100 mil habitantes, em Portugal atinge o dobro (26.6 por cada 100 mil).
Anualmente, registam-se mais de 150 mil casos de pneumonia e cerca de 40 mil internamentos. Um em cada cinco doentes internados morre com a doença.
Sabe-se que durante os últimos dez anos o número de internamentos e óbitos aumentaram cerca de 16 por cento, avança a Fundação Portuguesa do Pulmão.
O envelhecimento da população poderá ajudar a justificar estes números. Por outro lado a crise que se instalou no país poderá ter a sua quota-parte de responsabilidade, uma vez que a franja da sociedade mais afetada é a população mais idosa.
A par disso, reconhece-se que as condições das habitações não são as melhores. Estudos da OCDE apontam para que 20% das casas apresentem problemas de humidade e parte do excesso de mortalidade registado no Inverno pode estar relacionado com as casas mal aquecidas.
A maioria das pneumonias são causadas pelo pneumococo – bacteria contra a qual existe vacina eficaz mas que não faz parte do Plano Nacional de Vacinação.
De acordo com a Fundação, há estudos, realizados nos mais diversos países, que demonstram que a vacinação contra este agente não só impede a doença pneumocócica durante a infância como ajuda a diminuir a doença em idade adulta.
Especialistas acreditam ainda que a existência de resistências aos antibióticos também possa ser uma das responsáveis por esta situação. Daí alertarem para o uso correto dos fármacos.
Para a Fundação Portuguesa do Pulmão, a elevada taxa de mortalidade intra-hospitalar sugere ainda que muitos casos podem estar a chegar tardiamente às unidades hospitalares, o que prova que o rápido diagnóstico poderá evitar este número de mortes.
De acordo com Artur Teles de Araújo, presidente desta Fundação, “é urgente definir um conjunto de medidas e de estratégias que permitam minimizar o problema das pneumonias em Portugal”.