Infecção pulmonar

Pneumonia adquirida na comunidade

Atualizado: 
17/04/2014 - 10:18
A pneumonia é a sexta causa de morte mais comum nos países desenvolvidos e a mais fatal das doenças respiratórias, sobretudo nos idosos.
Pneumonia adquirida na comunidade

A pneumonia é uma infecção dos pulmões que afecta os pequenos sacos de ar (alvéolos) e os tecidos circundantes. Pode ser causada por vários microrganismos diferentes, incluindo vírus, bactérias, parasitas ou fungos. Por isso, a pneumonia não é uma doença única, mas muitas doenças diferentes, cada uma delas causada por um microrganismo diferente.

Existem, portanto, diferentes tipos de pneumonias designadas consoante o agente causador. Os principais são a pneumonia pneumocócica, pneumonia estafilocócica, pneumonia bacteriana causada por bactérias gram-negativas, pneumonia causada por Hemophilus influenzae, pneumonias atípicas, psitacose, pneumonia viral, pneumonia por fungos, pneumonia por Pneumocystis carinii e a pneumonia por aspiração.

O Streptococcus pneumoniae é o principal microrganismo implicado na pneumonia adquirida na comunidade, sendo responsável por um número de casos que pode atingir os 66 por cento. É também responsável por cerca de 2/3 das mortes por pneumonia.

De um modo geral, a pneumonia surge depois da inalação de alguns microrganismos, no entanto, existem três formas distintas de contrair uma pneumonia: o mecanismo mais frequente ocorre quando a pessoa inala um microrganismo, através da respiração, e este chega até um ou ambos pulmões, onde causa a doença, outra forma frequente é quando bactérias, que normalmente vivem na boca, se proliferam e acabam por ser aspiradas para o pulmão. Por fim, a forma menos comum, ocorre através da circulação sanguínea quando uma infecção por um microrganismo, num outro local do corpo, se alastra através da circulação sanguínea e chega aos pulmões onde causa a infecção.

Nos adultos, as causas mais frequentes são as bactérias, como o Streptococcus pneumoniae, Staphylococcus aureus, Legionella e Hemophilus influenzae. Os vírus, como os da gripe e da varicela, podem também causar pneumonia. O Mycoplasma pneumoniae, um microrganismo semelhante a uma bactéria, é uma causa particularmente frequente de pneumonia em crianças crescidas e em jovens adultos. A pneumonia também pode ser causada por alguns fungos.

Qualquer pessoa pode ser atingida por esta doença, bastando para isso que os mecanismos de defesa estejam diminuídos ou comprometidos, no entanto, os idosos estão mais predispostos para contrair a doença, exactamente porque o seu sistema imunitário já não reage da mesma forma. Também estão no grupo de risco as pessoas debilitadas por doenças crónicas, prostradas na cama, paralisadas ou inconscientes ou as que sofrem de uma doença que afecta o sistema imunitário, como a SIDA. Por outro lado, o alcoolismo, o fumar cigarros, a diabetes, a insuficiência cardíaca e a doença pulmonar obstrutiva crónica são causas que predispõem à pneumonia.

Em todo o mundo a pneumonia afecta milhões de pessoas com elevada morbilidade e mortalidade. É a sexta causa mais frequente de todas as mortes e a infecção mortal mais comum que se adquire nos hospitais. Nos países em vias de desenvolvimento, a pneumonia é a causa principal de morte e só a segunda a seguir à desidratação causada pela diarreia aguda.

Estima-se que a incidência de pneumonia possa atingir 11,6/1000 indivíduos por ano, aumentando com a idade (aos 65 anos, até 44/1000 indivíduos por ano) e com a existência de co-morbilidade. A mortalidade por pneumonia é de 1 a 3 por cento, aumentando para 6 a 24 por cento em doentes hospitalizados e para 22 a 57 por cento em Unidades de Cuidados Intensivos.

Sintomas e diagnóstico
Os sintomas decorrentes da pneumonia são uma tosse produtiva com expectoração, dores no tórax, calafrios, febre e falta de ar. No entanto, estes sintomas dependem da extensão da doença e do microrganismo que a cause.

Geralmente, a pneumonia produz uma modificação característica da transmissão dos sons que podem ouvir-se através do fonendoscópio logo que o médico ausculte o tórax do doente.

Na maioria dos casos, o diagnóstico confirma-se com uma radiografia ao tórax que, frequentemente, contribui para determinar qual é o microrganismo causador da doença. Também se podem examinar amostras de expectoração e de sangue, com o fim de identificar a causa. No entanto, em metade dos indivíduos com pneumonia não se chega a identificar o microrganismo responsável.

Tratamento
Os exercícios de respiração profunda e a terapia para eliminar as secreções são úteis na prevenção da pneumonia em pessoas com alto risco, como as que foram submetidas a uma intervenção ao tórax e aquelas que estão debilitadas. Quem sofre de pneumonia também tem necessidade de expelir as secreções.

Muitas vezes, os indivíduos que não estão muito doentes podem tomar antibióticos por via oral e permanecer em casa. As pessoas com idade avançada e as que têm dispneia ou uma doença cardíaca ou pulmonar preexistente habitualmente são hospitalizadas e tratadas com antibióticos por via endovenosa. Também podem necessitar de oxigénio, de líquidos endovenosos e de ventilação mecânica.

A terapêutica antibiótica inicial é, normalmente, empírica. A escolha do antibiótico depende de numerosas variáveis, nomeadamente da gravidade da doença, idade do doente, sintomas, co-morbilidade, medicação concomitante, contexto epidemiológico, contactos com outros doentes ou com um tipo de ambiente específico e intolerância a um determinado antibiótico ou seus efeitos secundários.

O antibiótico ideal para iniciar uma terapêutica empírica da PAC deverá ser aquele que se revele eficaz contra os agentes etiológicos mais importantes, ou seja, os pneumococos (incluindo os resistentes à penicilina), H. influenzae e microrganismos atípicos intracelulares.

Prevenção
Existem, actualmente, no mercado nacional duas vacinas antipneumocócica, com a duração de aproximadamente cinco anos, indicadas para a prevenção de pneumonias e infecções pneumocócicas. Estas vacinas evitam as complicações graves que ocorrem com frequência na pneumonia provocada pelo pneumococo.

Está indicada para os chamados grupos de risco, onde se incluem, pessoas com idade superior a 65 anos, doentes imunocomprometidos com doenças crónicas (ex: doenças cardiovasculares, pulmonares, diabetes mellitus, alcoolismo, cirrose, etc.) ou pessoas que residam ou trabalhem em locais com um risco aumentado de infecções pneumocócicas ou das suas complicações (ex: pessoas idosas hospitalizadas, pessoas em instituições de prestação de cuidados de saúde, etc.).

Para além disso, é recomendável fazer a vacinação antigripal, recomendada para a população de risco e para determinados grupos profissionais, por exemplo, profissionais de saúde ou profissionais que lidam com o público em geral.

Existem também hábitos que devem ser cessados como o tabagismo e o excesso de álcool e outros que devem ser mantidos e/ou melhorados como manter um estado nutricional adequado e o controlo das doenças crónicas.

Fonte: 
Manual Merck
Bial
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico e/ou Farmacêutico.
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