Plano de combate ao desperdício alimentar de Lisboa inclui observatório
O plano, sem financiamento municipal e considerado pioneiro pelas Nações Unidas, tem como objectivo “agregar vontades, acções e contribuir para a consolidação de uma rede de cooperação entre diversos agentes que actuam no terreno” – recolhendo comida de restaurantes, por exemplo - na luta contra esta problemática, explicou o vereador da Câmara de Lisboa com o pelouro dos Direitos Sociais, João Afonso.
Segundo o vereador, o Comissariado Municipal de Combate ao Desperdício Alimentar (órgão criado para elaborar o plano) agrega mais de 70 parceiros, entre instituições, as 24 juntas de freguesia de Lisboa, o município e todas as forças políticas da cidade, querendo “articular e compensar possíveis falhas para que a rede sirva toda a cidade por igual”.
O vereador João Gonçalves Pereira, do CDS-PP, é o comissário da iniciativa, constituída por cinco grupos de trabalho que se debruçam sobre segurança alimentar, voluntariado, gestão da recolha e distribuição, estrutura da rede e sensibilização.
Os grupos são coordenados por entidades que trabalham contra o desperdício alimentar, nomeadamente a Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE), a Dariacordar, a Comunidade Vida e Paz ou a Refood.
“Temos zero cêntimos de orçamento municipal, vamos invocar a responsabilidade social das empresas para esse envelope financeiro”, explicou o comissário do plano, João Gonçalves Pereira.
Os vereadores João Afonso e João Gonçalves Pereira não quiseram avançar quantas pessoas serão ajudadas com esta iniciativa, defendendo que ainda não foram averiguados números concretos.
Porém, a Refood avançou que distribui cerca de mil refeições por dia e, segundo a responsável, a Dariacordar entrega, em média, 26 mil por mês.
João Gonçalves Pereira afirmou ainda que “o mais fácil foi feito até agora”: “Os desafios e as dificuldades vamos encontrar a seguir”, admitiu, referindo-se ao trabalho já realizado pelos grupos ao nível da constituição do plano de combate ao desperdício alimentar, iniciado em Outubro do ano passado.
O vereador João Afonso avançou que o plano deverá extinguir-se em 2016, mas admitiu que poderá estar concluído antes dessa data e que serão feitas reuniões de acompanhamento a cada seis meses.
João Afonso disse ainda que o Comissariado vai “articular este plano com a iniciativa da Capital Europeia do Voluntariado [Lisboa em 2015], para aumentar a visibilidade desta questão”.
A Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) esteve representada na apresentação do plano por Hélder Muteia, responsável em Portugal, que disse que Lisboa é pioneira com este projecto e que o mesmo deveria ser replicado a nível global. Estudos publicados pela Comissão Europeia estimam que sejam desperdiçados entre 30% a 50% dos alimentos comestíveis ao longo da cadeia alimentar, até chegarem ao consumidor.
O Plano Municipal de Combate ao Desperdício Alimentar de Lisboa foi aprovado, por unanimidade, em reunião do executivo, na passada quarta-feira [14 de Janeiro].