Perturbações do sono e a Doença Renal Crónica
Para além de melhorar a concentração, preservar a memória ou aumentar a capacidade de aprendizagem, o sono é essencial para a produção de várias hormonas presentes no nosso organismo, contribuindo para a saúde e bem-estar geral.
Os doentes renais crónicos passam por períodos de grande ansiedade o que pode condicionar a qualidade do sono.
Na realidade, a par da restrição de líquidos e alimentos, das cãibras musculares, da medicação ou da incerteza sobre o seu futuro, por exemplo, os distúrbios do sono são um grande motivo de stress para estes doentes.
Sabe-se que cerca de 70 por cento das pessoas com doença renal crónica sofrem com alterações no seu padrão de sono.
As queixas mais comuns são a insónia, apneia do sono e síndrome de pernas inquietas.
Alguns dados mostram que a insónia afeta entre 19 a 71 por cento dos doentes submetidos a tratamento de substituição renal (hemodiálise ou diálise peritoneal). Ela caracteriza-se pela dificuldade em adormecer e piora com avançar da idade. Pode afetar o doente no início da noite, quando se vai para a cama e não se consegue adormecer, ou surgir a meio da noite, quando se acorda e há dificuldade em voltar a pegar no sono.
Embora não se conheçam, ainda, os mecanismos que levam a que este distúrbio seja responsável pelo aumento do número de mortes, a verdade é que tem sido associado ao aumento da taxa de mortalidade entre estes doentes.
Alguns estudos sugerem ainda que a altura do dia, em que se realiza o tratamento dialítico, influencia a qualidade do sono.
De acordo com alguns investigadores, a insónia afeta mais os doentes que fazem hemodialise de manhã.
As sestas realizadas durante os tratamentos podem, desta forma, ser responsáveis por esta condição.
Outros fatores como a utilização de fármacos que induzem o sono, ou fatores metabólicos como a uremia, anemia, hipercalcemia, dor óssea ou articular, ansiedade e depressão são apontados como a causa de insónia.
A Síndrome das Pernas Inquietas não é mais do que a necessidade incontrolável de mexer as pernas. Geralmente acompanhada de dor, cãibras, formigueiro ou tensão muscular, pode atingir até 15 por cento destes doentes, sobretudos mulheres.
Os sintomas surgem, habitualmente, em períodos de repouso obrigando a pessoa a levantar-se e caminhar para aliviar o desconforto, condicionando a vida do doente.
Deficiência de ferro, uremia, lesões neurológicas ou o uso de alguns medicamentos, como os antidepressivos, são apresentados como a causa para esta síndrome.
A Apneia do Sono, outro distúrbio frequente, consiste no bloqueio das vias aéreas respiratórias.
Os sintomas incluem roncos, pausas respiratórias, sono agitado, sudorese e noctúria (necessidade constante de urinar durante a noite).
Perda de memória, cansaço físico, diminuição da imunidade, risco de hipertensão, avc, obesidade e diabetes são algumas das consequências destas perturbações do sono.
Alguns conselhos para melhorar a qualidade do sono
- Praticar exercício físico com regularidade;
- Tomar um pequeno-almoço rico em hidratos de carbono (sobretudo pão escuro ou cereais integrais);
- Acordar sempre à mesma hora;
- Evitar as sestas;
- Evitar a ingestão de açúcar depois das 18h;
- Jantar 2 ou 3 horas antes de ir dormir;
- Ir para a cama apenas quando tiver sono;
- Não ver televisão no quarto e evitar usar o telemóvel neste espaço.