Parlamento Europeu quer estratégia europeia de combate a HIV, tuberculose e hepatite viral
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Os eurodeputados propõem a criação de “programas harmonizados de vigilância das infeções à escala da União Europeia (UE)”, capazes de detetar surtos de hepatites virais, tuberculose e VIH em tempo útil, avaliar tendências de incidência, informar sobre a carga da doença e detetar o diagnóstico em tempo real, o tratamento e os cuidados contínuos.
No relatório, pede-se à Comissão e ao Conselho da UE que facilitem o acesso a tratamentos inovadores, também aos grupos mais vulneráveis, e que colaborem na luta contra o estigma social associado à infeção pelo VIH.
Incentivam também os países da UE a disponibilizarem testes de VIH gratuitamente, a fim de assegurar a deteção precoce e melhorar a notificação do número de infeções.
A tuberculose e a tuberculose multirresistente, pelo facto de serem doenças aerógenas, constituem ameaças transfronteiriças para a saúde num mundo globalizado em que a mobilidade da população está a aumentar.
O número de doentes com tuberculose aumentou pelo terceiro ano consecutivo em 2014, nota o relatório.
O Parlamento Europeu (PE) destaca a importância de combater a crise emergente da resistência antimicrobiana, nomeadamente através do financiamento da investigação e do desenvolvimento de novas ferramentas para as vacinas, bem como de abordagens, diagnósticos e tratamentos inovadores para a tuberculose centrados no doente.
Os eurodeputados pedem maior colaboração entre o executivo comunitário e os 28 na elaboração de medidas destinadas a evitar a propagação da tuberculose através de acordos bilaterais entre países e ações conjuntas.
Em relação à Hepatite C, o PE nota que mais de 90% dos pacientes não têm sintomas quando contraem a doença e que esta é, normalmente, diagnosticada de forma casual durante uma análise ou quando começam a surgir sintomas.
O relatório salienta que não existe um protocolo normalizado nos Estados-membros para o rastreio da hepatite C e que “os dados sobre o número de pessoas afetadas podem ser subestimados”.
O PE desafia a Comissão a lançar, em coordenação com os governos nacionais, um plano multidisciplinar de normalização dos protocolos de despistagem, de testes e de tratamento para erradicar a hepatite C na UE até 2030.
Segundo dados do PE, em 2015, foram diagnosticados cerca de 30 mil novos casos de infeção por VIH nos 31 países UE/Espaço Económico Europeu (Islândia, Liechtenstein e Noruega).
Cerca de 120 mil pessoas desenvolveram tuberculose multirresistente na Europa e, do total de 10 milhões de mortes que poderão ser associadas anualmente à resistência aos medicamentos até 2050, cerca de um quarto estarão ligadas a estirpes de tuberculose resistentes aos medicamentos, o que representa um custo para a economia mundial de, pelo menos, 16,7 mil milhões de dólares e, para a Europa, de, pelo menos, 1,1 mil milhões de dólares.
A hepatite viral é uma das mais graves ameaças à saúde pública a nível mundial.