Pais e filhos
Os contextos sociais e as realidades actualmente presentes, influenciaram naturalmente a relação já de si complexa que existe entre os membros do agregado familiar.
Apesar das modificações é necessário nunca esquecer os laços emocionais e afectivos que devem reger estes relacionamentos. A partir daqui é possível suplantar outros problemas que existam. Não existindo esses laços afectivos e permitindo um certo facilitismo entre a forma como se encara esta relação entre pais-filhos, isto implica, a longo prazo, um determinado distanciamento. Os pais acabam por ceder aos filhos, como forma de colmatar o tempo que não conseguem passar com eles, muitas vezes por motivos profissionais e acabam por desresponsabilizá-los em muitos elementos da vida, principalmente na altura em que estes estão a desenvolver o seu carácter. Como sabemos este facto pode provocar mutações profundas na forma de pensar de um jovem e na forma como este encara tanto os problemas como as responsabilidades da vida, seja a nível familiar, como indivíduo social e socializável, nos estudos, ou "no respeito pelo próximo”.
Os pais devem então ensinar os seus filhos a assumir a responsabilidade pelos seus actos, atribuir-lhes funções e cargos dentro da família, tarefas que só eles deverão desempenhar. No apurar da realização destas tarefas, os pais não podem nem ser autoritários, nem adoptar a postura de amigos, pois aí estarão a colocar-se ao nível dos filhos e esta responsabilização não irá acontecer. Ser autoritário não equivale a exercer autoridade neste caso. O pai tem que ser uma figura de autoridade, com um papel educativo e de modelo de responsabilidade e conhecimento, não autoritário com uma imposição de regras e valores pelo medo e pela força.
Ao longo do crescimento dos filhos, os pais têm que se aperceber que aqueles não serão crianças para sempre. Por exemplo, a nível da sexualidade, os pais devem acompanhar o desenvolvimento dos filhos e procurar estimular a maturidade e conhecimento destes face ao que são relações sexuais e o que pode estar adjacente à prática destas. É ainda necessário que, por exemplo quanto às saídas nocturnas, pais e filhos possam ter uma boa relação. Quer isto dizer que é importante que os pais saibam quem são os amigos dos filhos, que saibam onde estes vão, que sítios frequentam. Por outro lado é necessário que os filhos percebam que existem horas de chegada, horas de saída e que as regras de casa têm de ser obedecidas.
Estes meios de responsabilização e de bom relacionamento estão relacionados com questões de postura da família. Esta deve funcionar como a área onde ambos, pais e filhos, se sentem bem. Os pais devem ouvir a opinião dos filhos. É fundamental para o bom desenvolvimento de uma criança, ou adolescente que os pais questionem a opinião dos seus filhos, seja em matérias mais ligeiras, seja em matérias mais relevantes ou que digam respeito ao núcleo familiar. Com isto fazem com que os seus filhos se sintam relevados facilitandoa comunicação e permitindo que crianças e jovens se sintam também mais à vontade para partilhar com os pais experiências e opiniões que digam respeito a acontecimentos sobre a sua vida.
Os filhos embora digam que os pais não os compreendem, sentem uma enorme necessidade de perceber que os pais se preocupam com eles. Conseguindo esta harmonia no diálogo familiar, em que a opinião de cada membro deste núcleo é ouvida e respeitada, esta vai ajudar muito na fase da adolescência, altura em que, normalmente, os jovens têm muita dificuldade em aceitar opiniões diferentes da sua. Ao ver que a sua opinião é respeitada e ouvida com atenção, os adolescentes tendem a perder a relutância em ouvir opiniões contrárias à sua.
Não podemos esquecer que existem sempre alguns elementos da vida que não podem ser partilhados, mas, adoptando esta técnica, consegue-se na maioria dos casos um ambiente familiar mais harmonioso.
A fórmula não resulta em todos os casos, mas famílias que conversam mais, que passam mais tempo juntas, em tempo de qualidade entre os membros, onde cada um está efectivamente com o outro, ou outros membros e que se sentem próximos, amados e preocupados têm mais hipóteses de sucesso e de criar laços fortes entre os membros.