Osteoartrose

osteoartrose é uma doença de natureza degenerativa que envolve toda a articulação: a cartilagem desgasta-se e o osso cresce e fica mais denso, formando os osteófitos, visíveis nas radiografias como “bicos de papagaio”. Nesse processo degenerativo ocorrem frequentemente fenómenos mais ou menos importantes de inflamação articular, que causam dor e muitas vezes aumento de volume da articulação.

Ou seja, a cartilagem articular é constituída por células chamadas condrocitos, água e por substâncias proteicas produzidas por estas células. Para além disso, é nutrida pelo líquido articular ou líquido sinovial. Este líquido articular, que é muito viscoso, contribui para lubrificar a articulação, facilitando os seus movimentos e permitindo que nas articulações saudáveis, as cartilagens deslizem umas sobre as outras sem atrito, isto é, sem desgaste.

Na osteoartrose os condrocitos vão morrendo e produzem menor quantidade de proteoglicanos e de colagénio. Em consequência disto a cartilagem articular ulcera e o osso que está por debaixo da cartilagem, chamado osso sub-condral, reage, espessando-se e dando origem a excrescências ósseas chamadas osteofitos.

Há articulações em que é mais comum surgir a doença: os joelhos, as mãos, as ancas, a coluna vertebral e os pés. Nas mãos, são as articulações dos dedos e do punho, na base do polegar, as articulações mais afectadas. Já na coluna vertebral, a região cervical e lombar, são as mais atingidas e, nos pés, é a base do primeiro dedo, que quando está deformado é muitas vezes chamado “joanete”.

Sintomas

Os principais sintomas da osteoartrose são a dor, a rigidez, a limitação dos movimentos e, em fases mais avançadas, as deformações. A dor tem um ritmo, isto é, um modo de ser ao longo do dia, que se convencionou chamar mecânico. Assim, o ritmo mecânico é caracterizado pelo facto de as dores se agravarem ao longo do dia, com os movimentos e com os esforços e melhorarem quando o doente repousa, em particular quando se deita. Por isso, regra geral, os doentes com osteoartrose não têm dores durante a noite e dormem bem, embora em alguns casos muito avançados de artrose da anca e do joelho, as dores possam também surgir durante a noite.

O processo da dor deve-se ao facto de a cartilagem ficar desgastada, cada vez mais fina e, aos poucos, cada vez mais destruída. Como ela é essencial para o movimento da articulação, surge a dor e os movimentos vão ficando cada vez mais comprometidos, uma vez que a dor impede a mobilidade e atrofia os músculos. A verdade é que a articulação fica instável, pouco precisa, agravando as lesões. No final, a articulação fica incapaz de exercer a sua função, sem cartilagem e com o osso desenvolvido na periferia. Os doentes ficam cada vez mais limitados, até ao ponto de não conseguirem mover a articulação sem um grande esforço e fortes dores.

Por isso, a limitação dos movimentos pode surgir precocemente, ao contrário do que acontece com as deformações que, em regra, são tardias.

Causas

As causas de osteoartrose são múltiplas: em geral, podemos dizer que a sobrecarga de uma articulação normal ou o uso normal de uma articulação anormal são as causas de artrose. Assim, é frequente encontrar no passado traumatismos – grandes ou pequenos, estes normalmente muito repetidos – como os que resultam de actividades desportivas ou profissionais, o excesso de peso, bem como outras doenças reumáticas ou malformações que deterioraram as articulações previamente. No entanto, existem muitos casos em que nenhuma causa é aparente ou em que apenas a hereditariedade é identificada.

A osteoartrose é uma causa muito importante de invalidez nos idosos e uma das mais frequentes causas de incapacidade definitiva, levando à reforma antecipada.

É que a doença é rara antes dos 40 anos mas, a partir daí, torna-se cada vez mais frequente, pelo que a associação com a idade é muito evidente, em grande parte porque se acumulam os riscos que provocam a doença e, por outro lado, porque as articulações mais idosas terão maior dificuldade em se adaptarem e regenerarem como as mais novas.

Tratamento

A osteoartrose não tem, hoje em dia, cura e o doente deve sabê-lo, mas tem tratamento, que pode permitir ao indivíduo afectado por esta doença levar uma vida completamente normal na imensa maioria dos casos.

Os objectivos do tratamento da osteoartrose são aliviar e, se possível, suprimir as dores, melhorar a capacidade funcional, isto é, aumentar a mobilidade das articulações atingidas e evitar a atrofia dos músculos relacionados com as referidas articulações e, finalmente, impedir o agravamento das lesões já existentes.

A osteoartrose não se trata apenas com medicamentos e fisioterapia. O empenhamento do doente é indispensável e, sem ele, o plano terapêutico não tem êxito. Constituem medidas básicas do tratamento a educação do doente, o repouso relativo e o plano de exercícios. Numa doença crónica por excelência, como é a osteoartrose, o doente não educado medicamente, é doente que não vai, seguramente, seguir ao longo de toda a vida a estratégia terapêutica planificada pelo seu médico. Da educação do doente devem fazer parte o ensino das regras gerais de protecção do aparelho locomotor e a correcção das posturas incorrectas.

Assim, o tratamento sintomático baseia-se em medidas gerais de protecção articular – períodos de repouso, regras para levantar e transportar cargas, por exemplo, agentes físicos – gelo, calor através de água quente ou infra-vermelhos e fármacos. Os fármacos para uso sintomático são os analgésicos como o paracetamol e, em casos mais graves, em associação com opióides fracos. Também se utilizam anti-inflamatórios não esteróides. Além das formas orais, também as tópicas podem ser eficazes. As injecções intra-articulares e peri-articulares aliviam os sintomas por vários meses.

Para além do tratamento sintomático é da maior importância tentar evitar a progressão da doença. Existem fármacos tomados por via oral que, para além de aliviarem os sintomas, têm uma acção comprovada no atraso da progressão da osteoartrose do joelho e que são o sulfato de glucosamina e o sulfato de condroitina. Nas formas mais avançadas da doença podem ser colocadas, nalgumas localizações, próteses articulares.

Fonte: 
LPCR
Sociedade Portuguesa de Reumatologia
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico e/ou Farmacêutico.