OMS pede 372ME a doadores internacionais para travar doença em nove meses
Segundo num relatório da revista científica Nature, a Organização Mundial da Saúde (OMS) vai pedir 372 milhões de euros aos doadores internacionais para combater o vírus do Ébola nos próximos seis a nove meses. A verba é superior a estimada pela OMS no final de Julho – 54 milhões de euros – para fazer face à doença que já causou 1.552 vítimas mortais, num universo de 3.069 casos registados em cinco países da África Ocidental: Serra Leoa, Libéria, Guiné Conacri, Nigéria e Senegal.
O montante servirá apenas para dar resposta imediata à pandemia e não para o trabalho de reconstrução a longo prazo dos sistemas de cuidados de saúde destruídos naqueles estados africanos.
“Este valor é apagar o fogo, não para construir o quartel dos bombeiros”, ironizou o assistente do director-geral da OMS, Bruce Aylward, que previu que o número de casos de febre hemorrágica do vírus Ébola poderá ultrapassar os 20 mil proximamente.
No documento citado pela revista Nature, a OMS estima que, para conter o surto de Ébola num prazo de seis meses, serão necessários 750 profissionais de saúde estrangeiros e 12.000 trabalhadores dos países afectados.
A agência não avançou os números de trabalhadores de saúde já envolvidos no terreno para dar resposta à pandemia.
A OMS espera um contributo dos Estados membros, mas o Banco Mundial e o Banco Africano de Desenvolvimento que já prometeram 152 e 159 milhões de euros, respectivamente.
A agência das Nações Unidas tem um orçamento de 131 milhões de euros para acudir aos surtos e crises de todos os tipos, depois de, no ano passado, ter visto o seu financiamento cortado para metade devido à reestruturação orçamental e crise económica.
Primeiro caso confirmado no Senegal
O governo do Senegal anunciou hoje que se verificou naquele país o primeiro caso de contágio com o vírus Ébola. O infectado, que está hospitalizado na capital Dacar, é um jovem da Guiné-Conacri que viajou recentemente para o Senegal e que foi sujeito a exames depois de ter sentido os sintomas da doença.
São Tomé e Príncipe proíbe viagens de e para países afectados
O governo de São Tomé e Príncipe proibiu a entrada e saída de pessoas e bens, incluindo cidadãos estrangeiros, de países como a Nigéria, Guiné Conacri, Serra Leoa e outros “onde já foram declarados os casos de Ébola”.
A decisão consta de um comunicado do conselho de ministros distribuído hoje à imprensa, em que se justifica a medida como “preventiva face à propagação do vírus do Ébola em vários países do continente”.
O conselho de ministros reuniu-se esta quinta-feira e “decidiu pela validação do plano nacional de contingência” contra o vírus Ébola, elaborado pelo ministério são-tomense da saúde com apoio da organização Mundial da Saúde (OMS) e aprovado esta semana pelo comité de emergência.
Segundo o comunicado do governo, as embaixadas são-tomenses nesses países ou que fazem ligação com esses países foram orientadas “no sentido de procederem de conformidade, quando solicitado vistos para São Tomé e Príncipe”.
O Plano de contingência do governo são-tomense para fazer face a uma eventual doença provocada pelo vírus do Ébola está avaliado em 600 mil euros e vai de Setembro deste ano a Novembro de 2015. Contempla um conjunto de acções a desenvolver, incluindo também restrições nos portos e aeroportos e limitação nas importações de alguns produtos, como roupas e carnes provenientes dos países africanos.
“São toda uma série de acções que vamos pôr em prática, para que estejamos mais preparados para lidarmos com eventuais casos de Ébola”, disse a ministra são-tomense da Saúde, Maria Tomé que apelou hoje aos órgãos da comunicação social públicos e privados no sentido de “ajudarem a passar a mensagem” sobre as medidas de prevenção anunciadas pelo governo.