Estudo

Óleos vegetais reduzem o colesterol, mas não o risco cardiovascular

Substituir as gorduras animais por óleos vegetais reduz os níveis de colesterol, mas não a mortalidade por doença cardiovascular, conclui um estudo cujos resultados estão a ser recebidos com ceticismo por alguns especialistas.

Há vários anos que os nutricionistas recomendam que se privilegie os óleos vegetais em detrimento dos animais. Estudos demonstraram que os primeiros ajudam a reduzir o nível de colesterol e que, por isso, são melhores para o coração.

Essa hipótese é agora posta em xeque pelo British Medical Journal (BMJ), que publica uma série de trabalhos de uma equipa norte-americana cujas conclusões fogem a essa regra, escreve o Sapo.

A equipa retomou uma investigação sobre o tema, feita em Minnesota, nos Estados Unidos, entre 1968 e 1973. Os resultados dessa investigação ainda não tinham sido divulgados.

Os participantes foram distribuídos de forma aleatória pelos grupos de controlo e não controlado.

O estudo comparou quase 10.000 pessoas: metade recebeu uma alimentação que incluía, sobretudo, gorduras saturadas (carne, manteiga, margarina); e a outra, óleos vegetais ricos em ácido linoleico (ómega 6), como o óleo de milho ou de girassol.

Nessa investigação, os investigadores norte-americanos observaram uma queda na taxa de colesterol na ordem dos 13%, mas não na redução das doenças cardiovasculares, nem na mortalidade.

Pelo contrário, constataram que quanto maior o consumo de óleos vegetais e menor o nível de colesterol, maior era risco de mortalidade: aumentando 22% cada vez que o colesterol caía 30mg/dL.

Consultando dados não publicados de outros estudos, entre eles um feito em Sydney entre 1966 e 1973, os cientistas encontraram resultados similares. "Os dados existentes procedentes de estudos randomizados mostram que a substituição das gorduras saturadas por óleos vegetais reduz o nível do colesterol, mas não as mortes cardiovasculares ou outras", destacam.

Entre as hipóteses antecipadas, os especialistas citam fenómenos de "oxidação" que podem aumentar o risco cardíaco, mesmo que o nível de colesterol "mau", o LDL, caia. Essa oxidação pode ser mais significativa em alguns grupos de risco, como os fumadores, pessoas que bebem muito álcool ou idosos.

O professor de Medicina Frank M. Sachs, da Harvard Medical School, em Boston, considera que o estudo "não é confiável". Jeremy Pearson, da British Heart Foundation, aconselha uma "alimentação equilibrada rica em frutas, legumes e cereais complexos para ter um coração saudável", cita a agência de notícias France Presse.

Fonte: 
Sapo
Nota: 
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