O sal e açúcar: dois inimigos do coração

Já há quem designe o século XXI como “o século tamanho XXL”. A verdade é que, de acordo com os dados relativos ao consumo alimentar da população portuguesa, obtidos através do Inquérito Alimentar Nacional e relatado no relatório anual do consumo alimentar e do estado nutricional apresentado pelo Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável, da Direção-Geral da Saúde, é possível concluir que o consumo de bolos, doces, bolachas, snacks salgados, pizzas, refrigerantes, néctares e bebidas alcoólicas representam cerca de 21% do consumo total. Ora, estes alimentos têm, invariavelmente, sal e açúcar em excesso!
No Dia Internacional da Alimentação, a Sociedade Portuguesa de Cardiologia alerta para a importância de monitorizar a ingestão de sal e açúcar na alimentação. Um dos grandes desafios da política alimentar e nutricional portuguesa, para os próximos anos, será devolver a tradição alimentar mediterrânica ou uma adaptação.
O programa nacional para as doenças cérebro-cardiovasculares destaca, como um dos objetivos a atingir em 2020, a redução do consumo de sal, 3-4% ao ano, durante os próximos 4 anos.
Impacto da redução do consumo de açúcar e sal na saúde cardiovascular:
Em Portugal, a obesidade infantil, apresenta números elevados face à media europeia, e a obesidade em idade adulta continua a aumentar, constituindo um dos principais problemas de saúde pública com o qual Portugal terá que lidar nos próximos anos.
Cerca de 14% das crianças portuguesas, entre os 7 e 9 anos de idade, são obesas. Nos adultos, a prevalência da obesidade é de 22%, a nível nacional, sendo superior no sexo feminino e com maior expressão nos indivíduos idosos. Relativamente ao excesso de peso, também designado de pré-obesidade, tem uma prevalência de 35%.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), reduzir a ingestão de açúcar para menos de 10% e ingerir menos de 5g de sal por dia, são hábitos alimentares que designam uma dieta saudável e que reduzem o risco de obesidade, de hipertensão, de diabetes e, consequentemente, de doença cardiovascular.
Além do sal (ou cloreto de sódio) que adicionamos à comida, há que ter em atenção que muitos dos alimentos que já têm um elevado teor de sódio. Por exemplo, por cada 100 gramas, o leite tem 50 miligramas de sódio, os ovos 80 e o pão 250. Os níveis de sódio elevados associam-se a um aumento do risco cardiovascular, sublinha a OMS.
Neste dia, a Sociedade Portuguesa de Cardiologia deixa um desafio: Controle e monitorize o que come e bebe! Não deixe nas mãos de terceiros o que consome e escolha com cuidado os alimentos que compra para a sua casa e para a sua família."