Doença inflamatória

O que é a psoríase?

Atualizado: 
17/05/2019 - 10:04
A psoríase é uma doença que, apesar de não ser maligna nem contagiosa, pode ter um profundo impacto na autoestima e diminuir significativamente a qualidade de vida do doentes. A sua causa não está totalmente esclarecida.

A psoríase é uma doença inflamatória crónica que ocorre em cerca de 2% da população. Pode surgir em qualquer idade e afeta de igual forma homens e mulheres.

A apresentação clínica, extensão, gravidade e evolução da psoríase são muito variáveis. A forma mais frequente (psoríase em placas ou vulgar) caracteriza-se pelo aparecimento de lesões avermelhadas na pele, com relevo, cobertas por escamas de cor branco-prateado, habitualmente assintomáticas ou com prurido (comichão) associado. As lesões localizam-se preferencialmente nos cotovelos, joelhos, região lombo-sagrada e couro cabeludo, embora possam surgir em qualquer área do corpo. As unhas são frequentemente afetadas, podendo observar-se picotado, alterações da coloração, espessamento ou descolamento de uma ou mais unhas.

Para além da forma mais frequente (psoríase em placas), outros tipos de psoríase incluem:

- Psoríase inversa: caracteriza-se por lesões avermelhadas, brilhantes, com pouca descamação, localizadas nas pregas (axilas, virilhas, região infra-mamária).

- Psoríase gutata: afeta sobretudo crianças e jovens, sendo frequentemente precedida por uma infeção respiratória superior. Aparece geralmente de forma súbita, com lesões de menores dimensões, em forma de gota.

- Psoríase pustulosa: caracteriza-se pelo aparecimento de pústulas (pequenas acumulações de pus).

- Psoríase eritrodérmica: forma generalizada na qual mais de 90% da superfície corporal adquire um aspeto avermelhado e descamativo. É uma forma muito grave devido ao risco de complicações.

- Artrite psoriática: ocorre em 5-30% dos doentes com psoríase, caracterizando-se por dor e deformidade das articulações afetadas. Numa minoria dos casos (10-15%), os sintomas articulares precedem o aparecimento das lesões cutâneas.

Qual o prognóstico?

A psoríase é uma doença que, apesar de não ser maligna nem contagiosa, pode ter um profundo impacto na autoestima e diminuir significativamente a qualidade de vida.

Adicionalmente, a psoríase é atualmente considerada uma doença sistémica, afetando múltiplos sistemas para além da pele. As comorbilidades associadas à psoríase incluem: obesidade, diabetes, hipertensão arterial, doença cardiovascular, depressão e ansiedade.

Qual a causa da psoríase?

Na psoríase ocorre uma desregulação do sistema imunitário, provocando um estado inflamatório e aumento da velocidade de renovação das células da epiderme (camada mais superficial da pele).

A causa da psoríase não está totalmente esclarecida, embora se saiba que resulta da interação entre fatores genéticos, imunológicos e ambientais. Não é uma doença contagiosa, não sendo possível a sua transmissão de uma pessoa para a outra.

A psoríase apresenta uma forte propensão hereditária (um terço dos doentes tem familiares afetados pela doença). No entanto, pode surgir em pessoas sem quaisquer casos na família.

Em pessoas geneticamente predispostas, a exposição a certos fatores ambientais (ex: bactérias, certos medicamentos, stress, entre outros) promove o desenvolvimento de psoríase.

Como é feito o diagnóstico da psoríase?

O diagnóstico de psoríase deve ser sempre efetuado pela observação clínica por um dermatologista, uma vez que existem diversas doenças da pele com características semelhantes, mas terapêuticas muito diferentes.

Em alguns casos, poderá ser necessária a confirmação com exame da pele (biópsia).

Como se trata a psoríase?

Apesar de não existir uma cura para a psoríase, é possível tratá-la de forma eficaz, conseguindo-se controlar os sinais e sintomas e melhorar a qualidade de vida na grande maioria dos doentes.

Os tratamentos mais frequentemente utilizados incluem:

- Terapêuticas tópicas (aplicadas na pele): cremes hidratantes, medicamentos tópicos (incluindo corticosteróides, análogos da vitamina D).

- Exposição à luz solar: deverá ser feita com moderação, uma vez que as queimaduras solares agravam a psoríase.

- Fototerapia (fontes artificiais de radiação ultravioleta): não deve ser confundida nem substituída por solários. São tratamentos realizados sob controlo médico, com doses de radiação adequadas a cada doente e durante períodos predeterminados.

- Medicamentos sistémicos (via oral ou injetável): usados nos casos mais graves ou resistentes ao tratamento.

O tratamento da psoríase só deve ser interrompido por indicação médica. A interrupção abrupta da medicação pode provocar a mudança para uma forma mais grave de psoríase e ter consequências graves.

Devido às comorbilidades frequentemente associadas, a abordagem do doente com psoríase deve ser global, tratando não só a pele mas também as doenças associadas (muitas vezes com o apoio de outras especialidades médicas, como a cardiologia, endocrinologia e reumatologia).

Autor: 
Dra. Helena Toda Brito - Dermatologista Hospital Lusíadas Lisboa
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
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