O que acontece ao cérebro no momento exato da morte
A pesquisa foi feita com doentes terminais, e como tal, os investigadores tiveram que pedir autorização às famílias uma vez que o processo exigia um monitoramento neural considerado invasivo. A maioria dos pacientes sofreu acidentes de viação, cardiovasculares ou paragens cardíacas.
O processo passava por monitorizar a atividade neurológica dos doentes terminais, com a ajuda de elétrodos, à medida que a sua situação piorava, escreve a SIC Notícias.
Como conta a BBC, os cientistas descobriram que os neurónios armazenam energia para o caso do corpo voltar a funcionar. Foi o que aconteceu com alguns doentes, em que se verificou algum movimento das células cerebrais que tentavam combater o inevitável.
Normalmente os neurónios funcionam com iões carregados que levam a desequilíbrios elétricos entre eles e o ambiente, o que permite a ocorrência de pequenos choques ou sinais. Os investigadores dizem que a manutenção deste sistema torna-se mais lenta à medida que a morte se aproxima.
Uma vez que as células se alimentam de oxigénio e energia química da corrente sanguínea, quando morremos e o fluxo de sangue para, os neurónios não têm outra alternativa se não acumular os recursos restantes e esperar que o fluxo regresse à normalidade. O que nunca acontece. Este fenómeno foi designado de "depressão não dispersa", ou "tsunami cerebral".
Os cientistas verificaram que à medida que os níveis de oxigénio dos doentes terminais baixavam, a atividade elétrica bloqueava todo o cérebro.
"A despolarização expansiva marca o início das mudanças celulares tóxicas que eventualmente levam à morte, mas não é o ponto chave da morte por si só, pois essa despolarização é reversível até certo ponto, com a restauração do suprimento de energia", disse Jens Dreier, do Centro de Pesquisas de Acidentes Cardiovasculares da Universidade de Charité.
Os autores do estudo publicado na revista Annals of Neurology dizem que mais do que perceber o que acontece ao cérebro no momento da morte, é importante identificar em que momento ocorre a morte cerebral, para que no futuro possa ser revertida.