Os perigos da desidratação e muito mais!

O poder fisiológico da água

Atualizado: 
25/09/2023 - 09:53
A água é a substância mais abundante no corpo humano, representando cerca de dois terços do nosso peso corporal. Por esse motivo, é o nutriente mais necessário e importante. Neste artigo, a especialista Alexandra Vasconcelos diz-lhe tudo o que precisa saber sobre a água. Quais as consequências da desidratação, qual a melhor água e qual a quantidade que deve beber. É verdade que devemos ter atenção ao pH? Tire as teimas com quem sabe!

O papel da água de solubilização e de modificação das biomoléculas é determinante para todas as reações fisiológicas, uma vez que estas se processam em meio aquoso, assim como para o equilíbrio homeostático. Ela tem função de transporte de nutrientes para as células e de substâncias tóxicas para fora do corpo; de excreção de produtos resultantes do metabolismo; de solvente – como meio onde se dão todas as reações; de regulação da temperatura corporal – quando o corpo está excessivamente quente, aumenta substancialmente a sudorese a fim de libertar calor através da evaporação e ainda participa em reações enzimáticas. (1)

Perigos da desidratação

  • Irritabilidade, dores de cabeça, défice de atenção - A desidratação leva à diminuição do fluxo de sanguíneo e consequentemente de oxigénio a nível cerebral originando dores de cabeça, irritabilidade, sensação de cabeça pesada, défice de atenção.
  • Depressão - Na ausência de água, o nosso corpo usa triptofano e tirosina como antioxidantes (percursores de vários neurotransmissores) de forma a eliminar tóxicos, uma vez que a produção de urina é insuficiente para nos desintoxicar. A baixa de neurotransmissores leva a um estado depressivo. 
  • Asma e alergias – A produção de histamina diminui com o aumento da ingestão diária de água. A asma está relacionada com a escassez de sal - não refinado, rico em minerais. Na desidratação, há um aumento na secreção de muco de modo a evitar que as mucosas sequem. Quando há uma superprodução de muco, a passagem de ar fica comprometida e o sal tem a capacidade de fluidificar o muco. Água e sal são por isso considerados anti-histamínicos naturais.
  • Obstipação – Quanto mais desidratado o corpo estiver, mais lentos são os movimentos peristálticos, de forma a reabsorver a máxima quantidade de água presente nas fezes. As fezes tornam-se mais duras, e mais difícil de serem expulsas.
  • Infeção- Água pode aumentar a eficiência do sistema imunológico para combater infeções e células cancerígenas.(2)

Como identificar

Um dos sinais evidentes é a cor da urina. Ela deve ser límpida e clara.

A pele aparentemente ressequida e com rugas; palpitações, dores de cabeça, boca seca, são sinais de que pode estar a desidratar.

Outra forma de identificar se está a desidratar é através da análise do hematócrito, ele é três vezes maior do que a hemoglobina, se o valor do hematócrito for maior significa hemoconcentração, e poderá indicar desidratação.

2 Mitos muito comuns:

1.Tenho boca seca, estou a desidratar!

Pode precisar de água e não ter sede (especialmente depois dos 60 anos). Não esperar ter sede para beber água.

2. Posso substituir a água por café, chá, sumos.

O chá e o café são diuréticos, mas não substituem a água. Nada substitui uma água de boa qualidade!

Qual a melhor água? Que água devo beber?

A água ideal deve ser purificada, alcalina, ionizada, antioxidante e hidratante.

Pureza

Uma água considerada pura é uma água livre de impurezas, resíduos e microrganismos.

A água da torneira é isenta de microrganismos uma vez que é sujeita a processos de desinfeção através da adição de cloro, nitratos, alumínio, flúor. Obtemos uma água sem microrganismos, mas com contaminantes (metais pesados) que se depositam no nosso corpo. 

A água engarrafada, durante o seu transporte ou armazenamento, pode estar sujeita a altas temperaturas promovendo uma reação química onde ocorre a libertação de constituintes do plástico nomeadamente ftalatos e bisfenol. Estas substâncias são disruptores endócrinos que se comportam no nosso corpo como hormonas, habitualmente simulando os estrogénios, provocando inúmeras disfunções. Se optar por esta água, escolha uma de nascente próxima.

Concentração e minerais

A maioria da água que bebemos atualmente é pobre em magnésio, cálcio e outros minerais indispensáveis à manutenção do pH fisiológico. A dieta ocidental é também pobre em magnésio e potássio e rica em sódio.

Equilibre esta concentração de minerais no seu organismo, repondo os minerais em falta! Ingira água do mar de qualidade, rica em sais minerais, pobre em sódio, na proporção de 1 para 4 de água doce. 

Tenha em atenção aos filtros de água que adquire. Os equipamentos de osmose inversa retiram os minerais, que são essenciais para a nossa saúde.

pH

O pH - potencial de Hidrogénio - representa a quantidade de iões H+ (hidrogénio) que existem numa determinada substância. Se houver uma grande concentração de H+, o pH é baixo, ou seja, a água é considerada ácida (pH<7). Caso contrário, o pH é alto e a água é considerada alcalina (pH>7).

O corpo humano possui sistemas-tampão (a nível renal, pulmonar e metabólico) que equilibram o pH do corpo para valores corretos. O pH do sangue é mantido entre 7,35 e 7,45, evitando a acidose ou alcalose.

A alimentação é fulcral no controlo da acidez/alcalinidade do nosso organismo. A ingestão de alimentos ricos em proteínas, sulfatos, fosfatos, potássio, magnésio, sódio, cloro e cálcio vai influenciar o equilíbrio ácido-base, uns acidificando outros alcalinizando o organismo. Chama-se a isto PRAL: Potential Renal Acid Load (“potencial de carga ácida renal”). Quanto mais negativo é o PRAL mais alcalinizante é o alimento. É expectável que, com o avançar da idade, ou com a insistência em determinados comportamentos alimentares, a capacidade do rim de controlar o metabolismo e a excreção destes metabolitos possa vir a estar condicionada (3).

Os sistemas fisiológicos que equilibram o pH são constantemente utilizados e há esgotamento de determinados minerais e outras substâncias.

Opte por água neutra a alcalina.  

Que quantidade beber?

São necessários 35 ml de água por quilo de peso corporal. Dessa maneira, é necessário multiplicar o seu peso em quilos por 35 para obter o resultado em ml, por exemplo: 70 kg X 35 = 2.450 ml ou 2 litros e 450 ml.

Se optar por um equipamento, quais as características?

  1. Tornar a água pura, livre de impurezas, resíduos, microrganismos etc.
  2. Não faça destilação ou osmose inversa.
  3. Que possa mudar o pH.
  4. Com potencial de oxidação/redução (ou potencial redox) negativo (-400 a -600mV), ou seja com efeito antioxidante. Quanto menor o valor, maior é a capacidade antioxidante.
  5. Estrutura molecular hexagonal, com maior poder de hidratação
  6. PRAL negativo, ou seja com poder alcalinizante.

Referências:
1. Batmanghelidj DF. Your Body ’ s many Cries for Water. 2003.
2. F. Batmanghelidj MD. You are not Sick You are Thirsty! - Water for Health, for Healing, for Life. 1o Edição. New York . Boston; 2003. 71-121-187 p.
3. Pizzorno J, Frassetto LA, Katzinger J. Diet-induced acidosis: is it real and clinically relevant? Br J Nutr [Internet]. 2009 Dec 15 [cited 2018 Oct 29];1. Available from: http://www.journals.cambridge.org/abstract_S0007114509993047


Dra. Alexandra Vasconcelos
Farmacêutica e Naturopata
Especialista em Medicina Natural Integrativa
Pós graduada em Nutrição Oncológica, Nutrição Ortomolecular e Medicina Integrativa e Humanista
Autora do Livro “ O segredo para se manter Jovem e saudável”
Diretora técnica das Clínicas Viver

Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Foto: 
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