O envelhecimento e a relação com as doenças respiratórias
Numa altura em que existe preocupação da integração e acompanhamento da população idosa e sua inserção na sociedade, e no rescaldo do anuncio em Conselho de Ministros da aprovação da Estratégia Nacional para o Envelhecimento Ativo e Saudável, através da assinatura de um Despacho Conjunto por parte do Ministro do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social e do Ministro da Saúde, com os objetivos de, através da cooperação entre os diferentes setores, definir uma estratégia do envelhecimento ativo e da solidariedade entre gerações e contribuir para o desenvolvimento de políticas que melhorem a qualidade de vida dos idosos, que representam mais de um quinto da população portuguesa, sugeria uma abordagem ao tema do envelhecimento e as doenças respiratórias, através de entrevista a um especialista sobre este assunto, até porque a dia 1 de Outubro é celebrado o Dia Internacional das Pessoas Idosas e que medidas podem ser implementadas para os idosos com doenças respiratórias crónicas – grande causa de incapacitação e mortalidade.
Com o aumento significativo da população idosa nos últimos anos em Portugal e em todo o mundo, é importante analisar-se o envelhecimento e a sua ligação às doenças respiratórias, uma das doenças com maior risco de desenvolvimento nesta idade, não só pelos maus hábitos que se cometeram durante anos, como o tabagismo e a prolongada exposição a poluentes, mas também devido às alterações do sistema respiratório e a sua deterioração, inerentes ao envelhecimento. Aliás, é de extrema importância alertar para as doenças respiratórias e sua prevenção, uma vez que são a causa de morte que mais aumentou nos últimos anos (acima das doenças do aparelho circulatório e dos tumores malignos).
Segundo os dados da Direção Regional de Saúde apresentados no relatório “Portugal Maior em Números”, o aumento do número de óbitos, nesta faixa etária, devido a doenças do aparelho respiratório sofreu um aumento visível de 2007 a 2012, passando de cerca de 10 mil para 13 mil pessoas. Estes dados mostram o peso que estas doenças ganham junto da população mais velha.
A Doença Pulmonar Obstrutiva Crónia (DPOC) é uma das doenças que impactam esta faixa da população pois manifesta-se muitas das vezes anos depois de excessos pouco saudáveis, causada pelo fumo dos cigarros. 10 a 15% dos fumadores vêem a sofrer de DPOC, sendo responsável por 90% dos casos da doença, que faz com que os doentes apresentem menores níveis de oxigénio no sangue, o que vai causando a falência dos vários órgãos. Os ex-fumadores e qualquer pessoa exposta ao fumo do tabaco (fumadores passivos) são também potenciais doentes. Também a exposição continuada a irritantes ambientais aliada a alguma predisposição genética constitucional levarão ao surgimento da doença. As alterações anatómicas e fisiológicas do envelhecimento que reduzem a capacidade de reserva pulmonar dos idosos, funcionam em conjunto com a patologia da DPOC para exagerar os sintomas pulmonares associados ao envelhecimento.
As pessoas idosas, com este quadro de insuficiência respiratória e DPOC, têm uma deficiente oxigenação do sangue. Nesta situação, o nível de oxigénio está abaixo do valor que assegura a oxigenação adequada dos órgãos nobres como o cérebro, o coração, o fígado e o rim. Existirão sintomas como a falta de ar com o esforço, limitando a actividade física (incluindo as tarefas da vida diária), perturbação da memória, dificuldade de concentração, entre outros.
A oxigenoterapia ajuda estes casos mais graves, pois é fundamental uma boa oxigenação para a obtenção da energia necessária ao bom funcionamento de todos os órgãos. A oxigenoterapia contribui para a melhoria da tolerância ao exercício físico, faz-se sentir no aumento da capacidade de exercício físico e pela melhoria da tolerância ao esforço. A oxigenoterapia melhora a qualidade de vida do doente. Em alguns casos pode ainda ser recomendada um programa de Reabilitação Respiratória, que pode proporcionar a reabilitação do doente, aumento da capacidade física e capacitação do próprio doente para melhor enfrentar os desafios associados à doença.
Mais dados sobre as doenças respiratórias:
- Ambos os sexos na faixa etária dos idosos, feminino e masculino, apresentam uma função pulmonar menor, sendo esta diferença maior nos indivíduos do sexo feminino;
- As doenças do aparelho respiratório têm uma elevada prevalência representando, no seu conjunto, a terceira principal causa de morte no mundo, representando cerca de 19% dos óbitos;
- Estima-se que em 2020 as Doenças Respiratórias sejam responsáveis por cerca de 12 milhões de mortes anuais.
Mais informação sobre a DPOC:
- Aparecimento de dispneia, tosse e aumento de produção de secreções brônquicas que se vão tornando mais agudas com a progressão da doença.
- Em casos mais graves os doentes encontram sérias dificuldades na realização das atividades do dia-a-dia, reduzindo a qualidade de vida.
- É importante que o diagnóstico da doença seja feito atempadamente e, sempre que possível, deverá ser confirmado por espirometria, método de diagnóstico que permite a avaliação de diversos parâmetros da função pulmonar.
- O diagnóstico é realizado por espirometria, método de diagnóstico não invasivo que permite a avaliação de diversos parâmetros da função pulmonar e perceber de forma mais detalhada o estadio da doença.