Dia Mundial do Cancro

O doente oncológico na Era Digital: da informação, à contrainformação e a importância da comunicação

Atualizado: 
05/02/2017 - 09:51
Para assinalar o Dia Mundial do Cancro, o oncologista Daniel Romeira escreve sobre a importância da comunicação e do acesso a informação cientifica credível para o doente.

As doenças oncológicas perfilam-se como a segunda causa de morte mais frequente em Portugal, colocando-se imediatamente a seguir às doenças do aparelho circulatório. Em 2013, o Instituto Nacional de Estatística, constatou que a mortalidade por cancro corresponde a cerca de 113 408 potenciais anos de vida perdidos.

O diagnóstico de uma doença oncológica é um momento crítico na vida de uma pessoa. Constitui um confronto com a fragilidade da vida e invulnerabilidade perante a sua finitude. Tem um impacto físico, psicológico e social na vida de qualquer ser humano.

Nestes últimos anos, a evolução das novas tecnologias, possibilitou um acesso mais facilitado à informação por parte do doente. Este contacto estabelece-se através das redes sociais, dos motores de pesquisa, dos blogs e de inúmeros sites portugueses e estrangeiros.

A informação disponível, por vezes importante como complemento para a compreensão, para a troca de experiências e para o processo de aceitação da doença, nem sempre surge com a devida credibilidade, não sendo benéfica para o doente. Ainda existe uma certa tendênciapara a generalização da doença oncológica e da abordagem terapêutica.

Vivemos num período em que a investigação favorece a descoberta de novas tecnologias e terapêuticas inovadoras, o que permite uma personalização cada vez mais significativa da terapêutica oncológica.

A investigação científica e o surgimento de novas tecnologias ao serviço da ciência, nomeadamente da oncologia médica, têm possibilitado, na última década, a descoberta de novas alterações genómicas e moleculares, pondo a descoberto a complexidade biológica da célula tumoral. Esta (r)evolução trouxe-nos nos últimos anos a noção de heterogeneidade tumoral em que cada tipo de tumor é único.

Assim, os diferentes tipos de cancro são cada vez mais divididos em vários subtipos, tendo cada subtipo uma abordagem terapêutica diferente consoante a caracterização molecular.

Deste modo, é fundamental que o doente oncológico tenha confiança e acredite na equipa que o acompanha, partilhando regularmente as suas dúvidas, as suas preocupações, os seus medos e as suas vivências, de modo a receber toda a informação e apoio necessários, para gerir a sua doença e as expectativas associadas, mantendo-se informado a partir de fontes credíveis e adequadas. 

Neste Dia Mundial do Cancro reforço a importância da comunicação informada e cientificamente apoiada, que contribui para a tranquilidade do doente oncológico e dos que o rodeiam. 

Autor: 
Dr. Daniel Romeira - Oncologista Hospital Lusíadas Lisboa
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Foto: 
Pixabay