O doente oncológico na Era Digital: da informação, à contrainformação e a importância da comunicação
As doenças oncológicas perfilam-se como a segunda causa de morte mais frequente em Portugal, colocando-se imediatamente a seguir às doenças do aparelho circulatório. Em 2013, o Instituto Nacional de Estatística, constatou que a mortalidade por cancro corresponde a cerca de 113 408 potenciais anos de vida perdidos.
O diagnóstico de uma doença oncológica é um momento crítico na vida de uma pessoa. Constitui um confronto com a fragilidade da vida e invulnerabilidade perante a sua finitude. Tem um impacto físico, psicológico e social na vida de qualquer ser humano.
Nestes últimos anos, a evolução das novas tecnologias, possibilitou um acesso mais facilitado à informação por parte do doente. Este contacto estabelece-se através das redes sociais, dos motores de pesquisa, dos blogs e de inúmeros sites portugueses e estrangeiros.
A informação disponível, por vezes importante como complemento para a compreensão, para a troca de experiências e para o processo de aceitação da doença, nem sempre surge com a devida credibilidade, não sendo benéfica para o doente. Ainda existe uma certa tendênciapara a generalização da doença oncológica e da abordagem terapêutica.
Vivemos num período em que a investigação favorece a descoberta de novas tecnologias e terapêuticas inovadoras, o que permite uma personalização cada vez mais significativa da terapêutica oncológica.
A investigação científica e o surgimento de novas tecnologias ao serviço da ciência, nomeadamente da oncologia médica, têm possibilitado, na última década, a descoberta de novas alterações genómicas e moleculares, pondo a descoberto a complexidade biológica da célula tumoral. Esta (r)evolução trouxe-nos nos últimos anos a noção de heterogeneidade tumoral em que cada tipo de tumor é único.
Assim, os diferentes tipos de cancro são cada vez mais divididos em vários subtipos, tendo cada subtipo uma abordagem terapêutica diferente consoante a caracterização molecular.
Deste modo, é fundamental que o doente oncológico tenha confiança e acredite na equipa que o acompanha, partilhando regularmente as suas dúvidas, as suas preocupações, os seus medos e as suas vivências, de modo a receber toda a informação e apoio necessários, para gerir a sua doença e as expectativas associadas, mantendo-se informado a partir de fontes credíveis e adequadas.
Neste Dia Mundial do Cancro reforço a importância da comunicação informada e cientificamente apoiada, que contribui para a tranquilidade do doente oncológico e dos que o rodeiam.