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Tudo sobre o cancro

Atualizado: 
27/11/2019 - 12:16
No mundo inteiro, milhões de pessoas vivem com o diagnóstico de cancro. A doença tem um forte impacto socioeconómico. Saiba o que é, e quais os factores de risco.
Mulher sem cabelo devido a quimioterapia

A palavra cancro vem do termo gregos carcinos, utilizado por Hipócrates (460-370 A.C.) e que significa caranguejo. A adopção do termo deve-se ao aspecto que alguns tumores apresentavam semelhante a esse animal. As primeiras evidências de cancro datam de 1600 A.C. descritas pelos egípcios. Desde então, o estudo da oncologia tornou-se uma das áreas de maior interesse na medicina, e cada vez se sabe mais sobre as suas causas, a forma como se desenvolve e cresce, bem como novas formas de o prevenir, detectar e tratar, tendo sempre em atenção a melhoria da qualidade de vida das pessoas com cancro, durante e após o tratamento.

É sabido que um tumor surge a partir de uma só célula com mutações no ADN. Ou seja, em vez de cumprir o ciclo celular normal - amadurecer e morrer e ser substituída por uma nova célula - as células cancerígenas dividem-se de forma descontrolada e amadurecem. O fenómeno pode acontecer em qualquer parte do organismo, incluindo no sangue e nos órgãos de formação do sangue, sendo que neste caso os tumores não são sólidos.

Embora seja um só termo, existem vários tipos de cancro de acordo com a sua localização no corpo, cada um deles com características diferentes. Geralmente recebem o nome em função do tecido ou do órgão em que se originam. Por exemplo, o cancro da mama tem inicio na mama, o linfoma é um cancro que tem início no sistema linfático e a leucemia que tem início nas células brancas do sangue (leucócitos).

Contudo, as células cancerígenas podem "viajar" para outros órgãos, através do sistema linfático ou da corrente sanguínea. Quando o cancro metastiza, o novo tumor tem o mesmo tipo de células anormais do tumor primário. Por exemplo, se o cancro da mama metastizar para os ossos, as células cancerígenas nos ossos serão células de cancro da mama. Neste caso, estamos perante um cancro da mama metastizado, e não um tumor ósseo, devendo ser tratado como cancro da mama.

Tipos de tumor

De uma maneira geral, são considerados dois grandes tipos grandes de tumores: tumores benignos, que geralmente são de tratamento simples, e os tumores malignos, que representam um risco mais grande para a saúde.

No tumor benigno, as células tumorais permanecem na área em que o crescimento anormal foi originado. Os tumores benignos raramente voltam a surgir uma vez que são completamente eliminados. O tratamento habitual consiste em sua extirpação através de cirurgia.

Tumores benignos

  • Raramente põem a vida em risco;
  • Regra geral, podem ser removidos e, muitas vezes, regridem;
  • As células dos tumores benignos não se "espalham", ou seja, não se disseminam para os tecidos em volta ou para outras partes do organismo (metastização à distância).

Os tumores malignos são formados por células cancerígenas que têm a capacidade abandonar o seu local "primário” de crescimento tumoral e disseminar-se aos órgãos circundantes ou a tecidos do organismo. Nesta situação, as células cancerígenas separam-se do tumor original e viajam através do sangue ou dos vasos linfáticos a zonas do organismo distantes da área inicial do tumor. Aí começam a crescer e a substituir o tecido normal formando novos tumores denominados metástases, ou tumores secundários.

Tumores malignos

  • Regra geral são mais graves que os tumores benignos;
  • Podem colocar a vida em risco;
  • Podem, muitas vezes, ser removidos, embora possam voltar a crescer;
  • As células dos tumores malignos podem invadir e danificar os tecidos e órgãos circundantes;
  • Podem, ainda, libertar-se do tumor primitivo e entrar na corrente sanguínea ou no sistema linfático – e dá-se o processo de metastização das células cancerígenas, formando novos tumores noutros órgãos.

Factores de risco

Ainda não são totalmente conhecidos os mecanismos do cancro, no entanto, sabe-se que existem determinados factores de risco que aumentam a probabilidade de uma pessoa vir a desenvolver cancro.

Cada vez mais se associam os estilos de vida como principais causas de cancro. Entre estes factores destacam-se o consumo do tabaco, a exposição a carcinogéneos relacionados com actividades profissionais, a radiação ultravioleta, a radiação ionizada e a dieta ocidental. Ao mesmo tempo, a prática habitual de exercício físico ou a adopção de uma dieta saudável parecem exercer o efeito contrário. Contudo, na maioria dos casos os tumores devem-se a causas muito mais complicadas e heterogéneas.

Existem muitos factores de risco que podem ser evitados, uma vez que com o passar do tempo, vários factores podem agir conjuntamente para fazer com que células normais se tornem cancerígenas. Contudo, o facto de ter um ou mais factores de risco, não quer dizer que venha a ter cancro, pois a maior parte das pessoas que têm factores de risco nunca irá desenvolver cancro.

As investigações desenvolvidas revelam que entre 5 a 10 por cento de todos os cancros se devem a um defeito em diversos genes individuais. Estes cancros são hereditários e ocorrem em membros de uma mesma família. O cancro "familiar" é raro. No entanto, alguns tipos de cancro (por exemplo, o melanoma e o cancro da mama, ovário, próstata, e cólon) ocorrem mais frequentemente em algumas famílias do que no resto da população. Na maioria das vezes, os casos de múltiplos tumores na mesma família, são apenas coincidência. No entanto, actualmente, podem ser investigadas certas alterações genéticas hereditárias, que aumentam a probabilidade de desenvolver cancro, ainda que, herdar uma alteração genética não significa, necessariamente, que vai desenvolver cancro: significa que tem maior probabilidade de desenvolver a doença.

Por outro lado, aproximadamente 20 por cento dos cancros estão associados a infecções crónicas como as causadas pelo vírus da hepatite, da Helicobacter pylori ou do vírus do papiloma humano.

Principais factores de risco

  • Envelhecimento
  • História familiar
  • Tabaco
  • Luz solar
  • Radiação ionizante
  • Determinados químicos e outras substâncias
  • Alguns vírus e bactérias
  • Determinadas hormonas
  • Álcool
  • Dieta pobre, falta de actividade física ou excesso de peso

Detectar o cancro

Um cancro pode ser suspeitado a partir de várias pistas: as queixas que o doente refere, a observação médica, diversos exames médicos (análises, TAC - tomografias axiais computorizadas e muitos outros – a definir consoante a circunstância) ou as achadas numa cirurgia. Geralmente, o tratamento do cancro é mais eficaz quando a doença é detectada precocemente.

A confirmação do diagnóstico de cancro é habitualmente feita através da amostra do tumor (biópsia). A análise dessa amostra permite determinar se a lesão é um cancro ou não. Este estudo dos tecidos (análise histológica) permite classificar e saber, na maioria dos casos, quais são os tecidos e as células das quais provém o tumor e quais são as características das mesmas.

Por vezes é possível diagnosticar ou suspeitar de um cancro através da análise de células colhidas em locais de acesso superficial (citologia exfoliativa de, por exemplo, o colo do útero) ou por punção com aspiração das células (citologia aspirativa) Estes factores são fundamentais para determinar o tratamento mais adequado em cada caso.

Consoante o tipo de tumor existem exames que podem permitir uma detecção precoce de alguns cancros - rastreios. Para alguns tumores justifica-se a realização de exames de rotina a toda a população em risco para a detecção precoce de neoplasia. O tipo de exame varia consoante o tumor que se procura.

Por exemplo, mamografia (radiografia das mamas) para o cancro da mama feminina ou citologia (exame das células) do colo do útero ou, ainda, pesquisa de sangue nas fezes para o cancro do intestino grosso (cólon). Nem todos os tumores justificam exames de rotina para a sua detecção em população sem sintomas ou sinais de suspeição.

De acordo com uma Recomendação do Conselho da União Europeia à Comissão e aos Estados Membros, devem ser feitos os seguintes testes de rastreio:
- Rastreio do cancro do colo do útero: realização do Teste de Papanicolau - a iniciar entre os 20 e os 30 anos;
- Rastreio do cancro da mama: realização de mamografia nas mulheres com idades compreendidas entre os 50 e os 69 anos;
- Rastreio do cancro colorectal: pesquisa de sangue oculto nas fezes em homens e mulheres com idades compreendidas entre os 50 e os 74 anos.

Os exames de rastreio são muito usados para despistar o cancro da mama, do colo do útero, do cólon e do recto. Antes de sugerir um exame de rastreio o profissional de saúde considera diversos factores, relacionados com o teste e com o tumor que esse teste pode detectar. É, ainda, dada especial atenção ao risco pessoal para desenvolver certos tipos de tumores. Exemplo de factores a considerar: idade, história clínica, saúde geral, história familiar e estilo de vida.

Mama

A mamografia é a melhor forma para detectar o tumor em estadio inicial. A mamografia é uma imagem da mama, feita com raios-X. É recomendável que as mulheres, a partir dos 40 anos, façam uma mamografia anual ou de 2 em 2 anos; mulheres que tenham risco aumentado para ter cancro da mama, devem falar com o médico para saber qual a frequência com que devem fazer a mamografia.

Colo do útero

O teste de Papanicolau, também chamado de esfregaço do colo do útero ou do cérvix, é usado para observar as células do colo do útero. É feito o rastreio de células cancerígenas ou de alterações que possam levar a cancro, incluindo alterações causadas pelo papiloma vírus humano (factor de risco mais importante para cancro do colo do útero). Este teste deverá ser repetido, pelo menos, uma vez de 3 em 3 anos.

Cólon e recto

São usados vários testes de rastreio (sigmoidoscopia, colonoscopia, clister opaco de duplo-contraste, toque rectal) para detectar polipos (massas), tumores, ou outras alterações no cólon e no recto. A partir dos 50 anos, deverá ser feito o despiste do cancro do cólon e recto. Se tiver risco aumentado de ter cancro do cólon e recto, deve falar com o médico, para saber qual a frequência com que deve fazer os exames de rastreio.

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Fonte: 
Roche
Ministério da Saúde
Nota: 
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